Petrobras quer investir em etanol e marca reentrada no setor
Sede da Petrobras no Rio de Janeiro 16.10.2019 REUTERS-Sergio Moraes
Companhia planeja investimentos de cerca de US$ 2,2 bilhões em um conjunto de destilarias de etanol
A Petrobras planeja investimentos de cerca de US$ 2,2 bilhões em um conjunto de destilarias de etanol, marcando sua reentrada no segmento do biocombustível, que deverá ocorrer em conjunto com parceiros, afirmaram nesta sexta-feira (22) executivos da petroleira.
Os planos são uma das novidades do novo plano de negócios da Petrobras para o período de 2025 a 2029, de US$ 111 bilhões, divulgado na véspera.
“Estamos voltando para o etanol de forma a ser um operador relevante da movimentação de etanol no Brasil”, disse a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, durante teleconferência com analistas.
Segundo o diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade, Mauricio Tolmasquim, as destilarias planejadas poderão produzir até 2 bilhões de litros por ano durante o plano.
Ele disse que a Petrobras já iniciou conversas com grandes produtores de etanol no Brasil e avalia ainda a criação de uma joint venture para atuar em parceria no segmento.
De acordo com fontes com conhecimento da situação, a Petrobras está em negociações com a Raízen e a Inpasa, bem como com a britânica BP, discutindo potenciais parceria.
“A ideia já é começar grande, não é partir do zero. E a gente está olhando as duas rotas principais, que é a de cana, mas sobretudo a de milho, que vem mais crescendo no país em termos de etanol e tem se mostrado aí uma alternativa muito interessante”, disse Tolmasquim mais cedo, durante coletiva de imprensa sobre o plano de negócios.
“Então a gente vê que isso pode ser implantado muito rapidamente, porque basta a gente chegar a um acordo estratégico, firmar esse acordo, criar essa nova empresa…, e aí você passa já a ter no portfólio da Petrobras um ativo importante em etanol.”
A Petrobras teve parcerias em etanol no passado com empresas como São Martinho e Tereos, mas vendeu suas participações em governos anteriores, em período em que passou a focar em ativos de grande rentabilidade no pré-sal, abrindo mão de outros setores.
A reentrada em etanol é avaliada em momento em que a gasolina da companhia perde espaço para o biocombustível, seu concorrente direto nas bombas.
Tolmasquim destacou ainda que a gasolina vai perder mercado para o etanol ao longo do tempo e que, por isso, a Petrobras precisa entrar “no mercado do nosso produto competidor”.
“A Petrobras é grande, a nossa ambição é grande… nós estamos partindo para ser realmente líderes nessa questão, um dos líderes na questão do etanol”, frisou.
O diretor executivo de Processos Industriais e Produtos, William França, acrescentou que a companhia está em conversas com um parceiro e também avalia uma planta própria para a produção de combustível para aviação a partir de etanol, conhecido como “alcohol to jet” ou ATJ.
“A gente está querendo fazer uma planta (de ATJ) cinco vezes maior que a planta que tem operando no mundo”, disse França.
Além de voltar-se para o etanol, o novo plano da Petrobras fortaleceu o foco em biocombustíveis, enquanto retirou de suas prioridades eventuais projetos de geração de energia eólica offshore (marítima), segundo Tolmasquim.
“A eólica offshore está em estudo, porque não tem marco regulatório e é muito mais caro que onshore (em terra). Está só como estudo, capex mesmo só em eólica e solar onshore. Vamos também entrar pesado em biocombustíveis”, disse o diretor Tolmasquim.
A eólica offshore era uma vertente para atuação da Petrobras em energias renováveis que constava no planejamento estratégico anterior, elaborado na gestão de Jean Paul Prates, que era especialista em eólica offshore.
Em seu novo planejamento, a companhia previu 16,3 bilhões de dólares para transição energética, um aumento de 42% em relação ao plano anterior.
Desse total, cerca de um terço está voltado para descarbonização, com investimentos em mitigação de emissões, e o restante será destinado a geração renovável em terra (eólica/solar), bioprodutos (etanol, biodiesel e biometano), hidrogênio de baixo carbono, captura, transporte e armazenamento de carbono (CCUS) e outros (Reuters, 22/11/24)