04/10/2024

Petróleo dispara após comentários de Joe Biden sobre retaliação israelense

Petróleo dispara após comentários de Joe Biden sobre retaliação israelense

Joe Biden foto Evelyn Hockstein Reuters

Autoridades dos EUA acreditam que resposta ao Irã seria suficiente para evitar escalada de conflitos; Brent chegou a subir 5% nesta quinta-feira (3).

Os preços do petróleo dispararam para o nível mais alto em mais de um mês nesta quinta-feira (3), enquanto os investidores especulavam que Israel poderia realizar ataques retaliatórios contra a indústria petrolífera do Irã.

O Brent subiu até 5%, atingindo US$ 77,65 (cerca de R$ 424,7) por barril, após o presidente dos Estados UnidosJoe Biden, dizer a repórteres que tal movimento estava em discussão em resposta ao ataque de mísseis de terça-feira do Irã a Israel.

Questionado se os EUA apoiariam Israel em atacar as instalações petrolíferas do Irã, Biden disse: "Estamos discutindo isso", embora em seu comentário truncado ele também tenha dito: "Acho que isso seria um pouco... enfim."

Nos últimos dias, funcionários do alto escalão do governo americano mantiveram uma série de conversas com altos funcionários israelenses, enquanto os EUA e aliados ocidentais tentam limitar o alcance da resposta de Israel e evitar um conflito regional mais amplo.

Autoridades dos EUA acreditam que uma retaliação de Israel seria suficiente para evitar novas rodadas de escalada em todo o Oriente Médio. Um funcionário dos EUA disse que autoridades israelenses querem enviar um forte sinal ao Irã, enquanto esperam conter o conflito. O funcionário dos EUA advertiu que nenhuma decisão final foi tomada por Israel.

 

A confiança cautelosa de que Israel moderará sua resposta vem à medida que Biden e aliados ocidentais declararam publicamente que se opõem a qualquer ataque às instalações nucleares iranianas.

Autoridades dos EUA e de Israel têm discutido o potencial de ataques israelenses a alvos militares e infraestrutura energética. O funcionário dos EUA disse que Washington não espera participar dos ataques.

Um diplomata europeu disse que Israel foi solicitado a não atacar a infraestrutura petrolífera ou nuclear do Irã, mas não havia garantia de que o país atenderia a esse pedido.

Nesta quinta, Biden negou que os EUA tivessem um veto sobre as ações de Israel, acrescentando que não se esperava uma resposta imediata de Israel. "Nós não 'permitimos' Israel. Nós aconselhamos Israel. E nada vai acontecer hoje", disse o presidente americano.

Os comentários de Biden vêm em meio a temores de uma guerra em expansão. Israel iniciou uma invasão terrestre no Líbano na terça-feira (1º) após semanas de bombardeios intensos, enquanto mantém sua guerra de quase um ano em Gaza.

O objetivo declarado dos EUA há meses tem sido intermediar um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas que encerraria a guerra em Gaza, e recentemente tem pressionado por uma trégua entre Israel e Líbano também. Mas ambos os esforços fracassaram.

Depois de atingir o pico de preço influenciado pelos comentários de Biden, o Brent recuou para US$ 77,08 (R$ 421,60) por barril, um aumento de 4,3% no dia. Na terça-feira, com o início da nova escalada de conflitos no Oriente Médio, os preços do petróleo já haviam subido cerca de 3% no mercado internacional.

O Irã exporta cerca de 1,6 milhões a 1,8 milhões de barris por dia de petróleo bruto e condensado, dos quais 1,5 milhões vão para a China, juntamente com mais de 0,5 milhões de produtos petrolíferos, de acordo com a consultoria Energy Aspects.

 

Amrita Sen, diretora de pesquisa da Energy Aspects, disse que os preços do petróleo poderiam "disparar" se Israel atacasse refinarias iranianas e se Teerã respondesse atacando outros campos petrolíferos e refinarias na região.

O mercado global de petróleo tem sido volátil desde o início da semana, com potenciais interrupções nas exportações de energia.

No entanto, a falta de demanda da China, bem como os produtores da Opep+ com mais de 5 milhões de barris por dia de capacidade ociosa que poderia ser usada se o fornecimento iraniano fosse cortado, pesaram no mercado (Financial Times, 3/10/24)