PIB do agro cai neste ano, e renda do produtor cresce menos
Máquina colhendo soja Ascom Aprosoja
Fertilizantes disparam, e relação de troca fica ainda mais desfavorável, segundo consultoria.
Os preços mundiais dos produtos agrícolas mantêm alta neste ano, mas as receitas dos produtores brasileiros, embora ainda positivas, perdem o ritmo acelerado registrado nos anos anteriores.
O CRB (Índice de Preços Internacionais das Commodities) deverá subir, em dólares, 35% em 2022, impulsionado pelo crescimento de 3,6% da economia global.
As receitas dos produtores brasileiros, porém, terão evolução de 9%, uma taxa baixa em relação aos 52% no ano passado.
Os dados são da consultoria MacroSector, que prevê receitas de R$ 902 bilhões para a agricultura nacional. O PIB (Produto Interno Bruto) do setor repete a tendência de baixa de 2021 e fecha o ano com redução de 0,5%. No ano passado, a queda havia sido de 0,2%.
Os preços das commodities continuam em bons patamares, mas as receitas dos produtores brasileiros serão menores devido aos elevados custos.
Segundo os analistas da MacroSector, a relação de troca está bastante desfavorável. Neste mês, os sojicultores de Mato Grosso despendem 28,4 sacas de soja para a compra de uma tonelada de adubo específico para essa lavoura. Em junho do ano passado, eram 21,6.
Essa relação de troca ruim se espalha por todas as culturas. Os produtores de milho do Paraná gastam 66,7 sacas do cereal por uma tonelada de fertilizante, um volume bem acima das 38,1 de junho de 2021.
Até os produtores de café, que vinham tendo uma relação mais confortável, passam a gastar mais sacas por uma tonelada de adubo. Neste mês, são 4,8 sacas, acima das 2,1 de junho de 2021.
Segundo a MacroSector, a soja terá preços médios de R$ 189 por saca neste ano, 11% acima dos valores de 2021. Já a evolução no milho será de apenas 2%, com a saca ficando em R$ 92,5, em média.
Diante dos altos preços dos fertilizantes, os analistas da consultoria preveem vendas de 44 milhões de toneladas desse insumo neste ano.
Se esse dado for confirmado, a entrega de adubo pelas indústrias recuará 4% em relação à do ano anterior. Em 2021, as vendas haviam subido 13% (Folha de S.Paulo, 16/6/22)