02/06/2025

PIB do agro cresce 12,2% e puxa economia no primeiro trimestre de 2025

PIB do agro cresce 12,2% e puxa economia no primeiro trimestre de 2025

Expansão da safra de soja ajudou o setor agropecuário a crescer mais de 12% no primeiro trimestre deste ano — Foto: Getty Images

Soja, milho, arroz e fumo foram destaques do desempenho do setor no período.

A Agropecuária brasileira registrou um forte crescimento no primeiro trimestre de 2025 e puxou a expansão da economia do país no período. É o que mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o quarto trimestre de 2024, a expansão foi de 12,2%. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, de 10,2%.

A alta veio praticamente em linha com a projeção mediana de aumento de 12,1%, esperada por analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Econômico. Em comparação ao primeiro trimestre de 2024, o PIB agro cresceu 10,2%. A expectativa mediana pelo Valor era de aumento de 10,7%.

O avanço de 12,2% da agropecuária no primeiro trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, foi o melhor resultado desde o crescimento de 13,8% do primeiro trimestre de 2023 para este tipo de comparação.

O crescimento da produção agrícola foi fator determinante do desempenho do setor no período. Na apresentação dos dados, os técnicos do IBGE destacaram a expansão da colheita de soja, de 13,3% em relação a 2024; milho, de 11,8%; arroz, de 12,2%; e fumo, 25,2%, conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola que a instituição divulgou neste mês. (veja gráfico ao final deste texto)

A economista do IBGE, Rebeca Palis, disse que um quarto do crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre desse ano em relação ao quarto trimestre do ano passado, foi motivado por agropecuária.

“Desse crescimento interanual de 2,9%, 25%, ou seja, um quarto foi responsabilidade somente de uma atividade econômica que pesa 6,5% da economia brasileira. A agropecuária, com condições climáticas favoráveis e expectativa de safra recorde da soja, nossa principal lavoura”, informou Palis, em áudio disponibilizado pelo instituto, em seu site.

Serviços

Além da agropecuária, outra atividade destacada pela especialista foi a economia de serviços. Essa atividade subiu 0,3% ante quarto trimestre de 2024, com avanço de 2,1% ante mesmo trimestre em 2024, nos primeiros três meses do ano.

“Vale destacar também o conjunto das atividades de serviço que pesam 70% da nossa economia e também contribuíram para esse crescimento”, disse.

“E dentre as atividades de serviços, o maior crescimento, a maior taxa, tanto em relação ao quarto trimestre do ano passado, como em relação ao primeiro de 24, foi em relação aos serviços de informação e comunicação, que já cresceram mais de 38% desde a pandemia, um destaque para os serviços de internet e desenvolvimento de sistema”, completou, no áudio (Globo Rural, 30/5/25)

Quando a soja vai bem, PIB dos três primeiros meses do ano evolui LAVOURA DE SOJA

Bom desempenho da oleaginosa reflete em renda maior em todo o país neste ano, à exceção de, mais uma vez, o Rio Grande do Sul.

PIB (Produto Interno Bruto) da agropecuária voltou a puxar o indicador nacional neste início deste ano. A evolução da agropecuária foi 12,2% no primeiro trimestre, em relação ao quarto do ano anterior. Em comparação ao primeiro trimestre de 2024, a alta atingiu 10,2%.

Era um crescimento esperado, em vista da safra recorde de grãos que o país está tendo neste ano, após um período conturbado pelo clima em 2024.

Quando a produção de soja vai bem, o que ocorreu neste ano, o PIB dos três primeiros meses tem evolução satisfatória. A soja tem participação de 50% na produção total de grãos do país.

Neste ano, o agricultor brasileiro colheu 164 milhões de toneladas da oleaginosa, e a safra total de grãos do país deverá atingir 328 milhões. Além da soja, arroz, milho de primeira safra, uva e fumo, outros componentes importantes neste período do ano, tiveram avanços na colheita.

O bom desempenho da soja reflete em renda maior em todo o país neste ano, à exceção de, mais uma vez, o Rio Grande do Sul. A produção nacional cresce 13,3% em comparação à de 2024.

As regiões Norte e Nordeste aumentaram o volume colhido em 9%; a Sudeste e a Centro-Oeste, em 22%. Já o Sul mais uma vez é vítima do clima e terá uma redução de 0,7%, caindo para 39 milhões de toneladas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O Sul representa 26% da produção nacional de soja.

Paraná e Santa Catarina têm avanços, mas o Rio Grande do Sul ficou longe da produção prevista para o período. O estado terá uma safra de soja de apenas 15 milhões de toneladas, 18% a menos do que o potencial inicial esperado. A produtividade no estado caiu 22%.

A produção da soja se concentra mais em Mato Grosso, estado que detém 25% do volume nacional. Outras unidades da federação, porém, também se beneficiam desse aumento. Entre elas, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão e Ceará. Neste último, o crescimento foi de 36%, conforme os dados do IBGE.

O Rio Grande do Sul perde na soja, mas ganha em quatro outros importantes produtos das lavouras brasileiras: arroz, milho, fumo e uva. Neste ano, a produção nacional de arroz atingiu 11,9 milhões de toneladas, e 68% desse volume se concentrou no Rio Grande do Sul.

O estado é importante também na produção nacional de fumo em folhas, que subiu para 785 mil toneladas, 25% a mais do que em 2024. Os gaúchos foram responsáveis por 342 mil toneladas. A produção de uva aumentou 40% no estado, que detém 47% do volume nacional.

O milho também participa dessa evolução do PIB do primeiro trimestre. A safra de verão chegou a 26 milhões de toneladas, 12,5% a mais do que a do ano passado. O Sul, principalmente com a ajuda do Rio Grande do Sul, elevou a produção para 10,5 milhões, 20% a mais do que em 2024.

A segunda safra do cereal, a chamada safrinha de inverno, está prevista para 102,5 milhões de toneladas, com crescimento de 11,6%, mas esse volume entra na conta do PIB dos próximos trimestres.

A participação da pecuária completa a evolução do PIB. O abate de bovinos cresceu 3,8% no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período de 2024. Na suinocultura, a evolução foi de 1,4%, e na avicultura, de 2,3%. A produção de leite aumentou 3,1%, segundo o IBGE (Folha, 31/5/25)