PIB do agronegócio paulista cresce pouco
Em 13 anos, alta foi de apenas 1,8%, abaixo dos 19,1% do agro nacional
O PIB (Produto Interno Bruto) do agro paulista andou devagar nos últimos anos. A evolução acumulada de 2010 a 2023 foi de apenas 1,81%, em termos de renda real. Essa taxa ficou muito abaixo dos 19,1% registrados pelo PIB nacional do setor.
Levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) indicou que o PIB paulista do agronegócio é de R$ 610 bilhões, predominantemente voltado para o ramo agrícola. Este somou R$ 510 bilhões em 2023, atingindo 84% do total. O restante ficou com a pecuária.
Os dados do Cepea não são comparáveis com os do IBGE. Enquanto este último leva em consideração o volume produzido, o Cepea inclui preços e renda nos segmentos de insumos, agropecuária, agroindústria e agrosserviços.
A indústria nacional teve uma evolução de 14,7% nos últimos 13 anos, mas a paulista evoluiu 7,7%. Essa foi uma das causas da pouca evolução do PIB do agronegócio paulista, com perfil bastante dependente da agroindústria, segundo a pesquisadora Nicole Rennó, do Cepea.
A agropecuária de São Paulo está consolidada e não tem mais espaço para expansão. O que pode haver, muitas vezes, é uma substituição de cultivo dentro da porteira.
Recessão econômica de 2014 a 2016, problemas sanitários internacionais, como a peste suína africana a partir de 2018, pandemia trazida pela Covid em 2019 e invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022, afetaram o ritmo da agroindústria, da qual o estado é bastante dependente.
O PIB do agronegócio paulista teve crescimento de apenas 3,4% no volume agregado desde 2010 e queda de 1,6% nos preços.
Nicole destaca que os setores que estiveram voltados para o mercado externo ganharam espaço, como as exportações de carnes, mas as indústrias voltadas para o mercado interno encontraram pouca demanda.
São os casos de bebidas, móveis, papel, vestuário e calçados, que passaram por um período complicado de demanda interna.
No setor de consumo de alimentos, a demanda foi boa para básicos, mas fraca para produtos como lácteos.
A principal pressão sobre o PIB do agronegócio veio da agroindústria, que caiu 8,3% nos últimos 13 anos, em especial o da indústria agrícola, cujo recuo foi de 10,1%. A perda de ritmo nesse setor afetou também o PIB de agrosserviços, que registrou retração de 4,3% desde 2010.
Na agropecuária, cana-de-açúcar, laranja e boi, os principais produtos do setor, não tiveram grandes evoluções, devido a clima, pragas, doenças e preços pouco atrativos.
Já na agroindústria, o destaque ficou para o açúcar, que teve uma reversão de preços em 2023, após sucessivos anos de queda.
A indústria de celulose e de papel, no entanto, teve redução real no valor de produção, principalmente no caso do papel, destinado basicamente para consumo interno.
O PIB do agronegócio paulista tem potencial a curto prazo, mas depende de uma recuperação da economia brasileira e do poder de compra da população. Em um período mais longo, os avanços competitivos da agroindústria deverão dar força ao setor, segundo analisa o Cepea.
O PIB do agronegócio paulista de 2023 representou 18,9% de todo o PIB de São Paulo e 5,6% do brasileiro. Na comparação com o PIB nacional do agronegócio, a participação paulista foi de 23,6% (Folha, 10/12/24)