12/06/2024

Pivô de suspeitas sobre leilão de arroz diz não ter proximidade com Geller

 

Neri Geller, ex-secretário de Política Agrícola do governo Lula - Geraldo Magela Agência Senado

 

Robson França afirma que não pode parar sua vida porque trabalhou com Neri Geller há quatro anos.

Pivô das suspeitas sobre o leilão de arroz do governo federal, Robson Luiz Almeida de França diz que o fato de ter sido assessor parlamentar de Neri Geller, demitido nesta terça-feira (11) do cargo de secretário de Política Agrícola, não pode ser usado como indício de irregularidade no processo. Eles trabalharam juntos até 2020, quando Geller era deputado federal.

"Eu saí da assessoria, fui tocar a minha vida, mexer com outros projetos, outras frentes. Tenho que parar a minha vida porque trabalhei no ano de 2020 com um parlamentar?", disse ao Painel.

No ano passado, França criou a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos, que intermediaram a venda de quase metade do arroz importado que foi vendido no leilão da Conab.

"Não tem impedimento por eu ter trabalhado com o parlamentar e não poder ser presidente da Bolsa, isso já faz quatro anos. A Bolsa foi constituída com todos os meios legais. Tenho toda a documentação necessária para operar junto à Conab", declarou.

Ele confirma que, além da Bolsa e da Foco, tem outra empresa em sociedade com um filho de Geller, mas diz que ela só existe no papel e nunca operou de verdade.

"A empresa está constituída, aberta, mas nunca teve faturamento, nunca foi aberta conta bancária, nunca foi emitida nota fiscal. Era um projeto que nós tínhamos e não deu certo", afirmou. Ele não deu detalhes da área de atuação da empresa, disse apenas que era para atuar no setor privado.

França também atuou como advogado na campanha de Geller ao Senado de Mato Grosso em 2022, pela qual recebeu R$ 150 mil. "Eu tenho um escritório de advocacia, não prestei serviço na área eleitoral somente para ele, assim como ele também contratou outro escritório", declarou.

 

Apesar dessas relações todas, diz que não é amigo dele, nem do filho. "Temos relação política e profissional, não somos amigos".

Ele afirmou ainda que não há uma decisão sobre acionar a Justiça contra o cancelamento do leilão, dizendo que isso vai depender das empresas que foram prejudicadas. "As empresas estavam correndo atrás das garantias, estavam com prazo aberto para apresentar", afirma (Folha, 12/6/24)