07/06/2018

Plano Safra anunciado e produtor quer mais recurso para seguro rural

O ministro Blairo Baggi (Agricultura) e o presidente Michel Temer no lançamento do Plano Safra

Governo começa a dar crédito pós-fixado para agropecuária na safra 2018/19.

Diante de tanta falta de recursos nos cofres federais, a agropecuária recebeu do governo, nesta quarta-feira (6), o Plano Safra que foi possível.

Os agricultores perderam no volume total, que nem acompanhou a taxa de inflação, mas conseguiram uma redução das taxas de juros de até dois pontos percentuais em alguns dos programas de apoio federal à agropecuária.

A taxa de juros ficou, em média, em 7%.

O volume total de crédito foi de R$ 191,1 bilhões. Destes, R$ 151,1 bilhões são de créditos destinados ao custeio e R$ 40 bilhões para investimentos.

Do montante de crédito de custeio, R$ 118,8 bilhões são com juros controlados e R$ 32,3 bilhões com juros de mercado.

O governo reservou ainda para a próxima safra R$ 2,6 bilhões para apoio à comercialização e R$ 600 milhões para seguro rural. No total, o volume de recursos para a agropecuária soma R$ 194,3 bilhões, valor que estará disponível a partir do início de julho.

A taxa de juros para o pequeno e médio produtores recuou para 6%. Para os demais, fica em 7%. A maior taxa, a de investimentos no Moderfrota, fica entre 7,5% e 9,5%. A menor, que contempla a construção de armazéns de até 6.000 toneladas, é de 5,25%.

Antonio Galvan, presidente da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Groso), diz que não concorda com os juros acima da Selic.

Ele destaca, no entanto, que a taxa de 5,25% para pequenos e médios produtores construírem armazéns nas fazendas é importante.

Evita o transporte de toda a produção no período de chuvas, quando as estradas estão ruins, ou no pico de safra.

O governo inicia uma experiência neste ano na oferta de crédito. Os produtores poderão optar por uma taxa fixa de juros ou por uma taxa pós-fixada. O volume de crédito na taxa pós deverá atingir o máximo de 5%.

Para o consultor Ivan Wedekin, o produtor deveria se manter na taxa fixa. O país ainda não tem uma tradição de estabilidade e a taxa fixa permite um controle maior de gastos e receitas.

Olhando o pacote do Plano Safra como um todo, Wedekin diz que ele é favorável à agropecuária.

A redução de juros mantém a competitividade do produtor brasileiro e permite uma ampliação das áreas de plantio, principalmente o de soja.

O Plano de Safra avança também no apoio à utilização de tecnologia no campo, inclusive no setor pecuário, segundo Wedekin.

Parte dos produtores entendem, no entanto, que um dos programas que deveriam ser melhorados pelo governo é o de seguro rural.

A participação privada vem crescendo, principalmente devido à pouca disponibilidade de recursos do governo, mas o país ainda não criou condições para um crescimento da chamada indústria de seguros.

Um grupo convocado pelo próprio governo para avaliar as condições do setor chegou à conclusão de que o país necessita de pelo menos R$ 1,2 bilhão no setor de seguros.

Em 2017, o total de prêmios pagos pelos produtores chegou a R$ 1,8 bilhão (Folha de S.Paulo, 7/6/18)


Plano Safra terá R$ 191,1 bi em recursos 

O presidente Michel Temer anunciará hoje (6), no Palácio do Planalto, um volume total de R$ 191,1 bilhões em recursos de crédito rural para o Plano Safra 2018/19, que estará à disposição de produtores rurais a partir de 1º de julho, segundo fontes a par das negociações. O montante é 1,5% superior aos R$ 188,3 bilhões disponibilizados no Plano 2017/18, que se encerrará em 30 de junho.

No Planalto, o anúncio do plano agropecuário está sendo considerado uma retomada na agenda positiva do governo, após a crise instalada no país no mês passado com a greve dos caminhoneiros, um dos momentos mais difíceis nos dois anos da gestão Temer.

Apesar de muito aguardado pelos produtores, por contar com boa parte de juros subsidiados, o Plano Safra 2018/19 vinha recebendo críticas mesmo antes de seu lançamento, já que o setor do agronegócio havia pedido uma queda de até 3 pontos percentuais nas taxas de juros.

Segundo as fontes, o governo confirmou a redução de 1,5 ponto percentual tanto para as taxas de juro das operações de custeio quanto de investimento. Isso significa que a taxa dos financiamentos de custeio recuará dos atuais 8,5% em 2017/18 para 7% ao ano. Já as taxas das operações de investimento sairão do patamar de 7,5% a 8,5% para entre 6% e 7% ao ano. A exceção ficará para as taxas das linhas PCA (armazenagem) e Inovagro, que estão em 6,5% ao ano e serão reduzidas para 6% no ciclo 2018/19.

Um interlocutor do presidente Temer afirmou que o plano foi elaborado visando a possibilidade de mais uma safra de grãos recorde no ano que vem.

A principal novidade do Plano Safra que entra em vigor em julho deve ser a taxa variável para o crédito rural. Ontem, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz, confirmou em almoço com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que o governo vai atrelar os juros de uma parte das operações de crédito para custeio agropecuário no âmbito do novo plano ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em caráter experimental e opcional.

Vaz também disse aos parlamentares que o crédito rural com taxa variável deverá representar até 5% do total de recursos destinados ao custeio no próximo plano.

Ontem, o Conselho Monetário Nacional (CMN) tratou, durante reunião extraordinária, da taxa variável, que já vem sendo chamada pela equipe econômica de "taxa de juros pós-fixada do crédito rural", apurou o Valor. Os votos sobre o tema, no entanto, só deverão ser divulgados a partir de hoje pelo CMN.

Dentro da nova modalidade, no momento da contratação do crédito o produtor poderá escolher entre o financiamento com taxa variável ou operações com juro pré-fixado pelo governo (Assessoria de Comunicação, 6/6/18)