Plantio de milho atrasa nos EUA e pode prejudicar soja no Brasil
Os Estados Unidos não conseguem semear o milho neste ano. Solo úmido e até nevasca em algumas áreas não permitem que as máquinas avancem sobre as áreas que estão destinadas ao cereal.
No estado de Iowa, o principal produtor de milho dos EUA, os produtores conseguiram ir a campo apenas 1 dia durante toda a semana passada.
A situação se repete em Illinois, o segundo maior produtor. As máquinas aproveitaram apenas um dia e meio para o plantio no mesmo período.
Alguns estados ao sul do Meio-Oeste, principal região produtora de cereais do país, conseguem semear, mas ainda não se arriscam porque o solo está muito frio e impede a germinação.
Iowa e Illinois ainda não conseguiram avançar no plantio, enquanto Missouri e Kansas semeiam, mas em ritmo bem menor do que em 2017, devido ao solo frio.
Por ora é muito cedo para qualquer análise sobre a produção americana."
Não há nada que comprometa a safra deste ano, ainda", diz Daniele Siqueira, analista da AgRural.
O desenrolar desse cenário, porém, interessa muito ao Brasil. A capacidade de plantio de plantio dos americanos é grande e eles podem recuperar o período perdido rapidamente.
Uma persistência desse clima desfavorável pode levar, no entanto, boa parte dos produtores a trocar o milho pela soja, segundo Siqueira.
Nesse caso, a área de soja —que em uma situação muito rara nos Estados Unidos superou a de milho neste ano— poderá ser ainda maior, mexendo com os preços internacionais.
A relação de perda de renda dos produtores brasileiros é muito maior no caso de uma supersafra de soja —e eventual queda de preços— do que de uma grande safra de milho nos Estados Unidos.
No relatório mais recente, o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou a área de soja em 36 milhões de hectares. O mercado acredita que essa área deverá ser superada.
Já para o milho, o espaço a ser dedicado pelos produtores dos EUA será de 35,6 milhões de hectares.
Tanto a área de soja como a de milho deverão ser menores neste ano, segundo o Usda. A queda é de 500 mil e 900 mil hectares, respectivamente. Ganha o algodão, que incorpora parte da área perdida pelos dois (Folha de S.Paulo, 18/4/18)