Plantio de soja em fevereiro preocupa pesquisadores
Liberação inibe controle de doenças e só ocorrerá por pressões políticas, segundo o setor.
Os produtores de soja podem semear a oleaginosa apenas até 31 de dezembro. Neste ano, porém, para produzir sementes para consumo próprio, alguns produtores estão semeando em fevereiro, o que põe em risco toda a defesa fitossanitária do setor.
O plantio de soja fora do calendário estipulado para os estados realimenta doenças, principalmente a ferrugem da soja, e torna as pragas mais resistentes.
O plantio em fevereiro é o ideal porque daria menor prazo de armazenamento da semente entre colheita e plantio. A armazenagem é uma das etapas mais caras do processo.
A semeadura neste mês, porém, deixa inócuo o vazio sanitário, feito exatamente para evitar a proliferação de pragas de uma safra para outra.
Entidades de pesquisa se reuniram nesta quinta-feira (7) em Cuiabá (MT) para avaliar a liberação excepcional para experimentação de plantios da cultura do soja no mês de fevereiro.
O objetivo é avaliar a incidência, severidade e gerações do fungo Phakopsora pachyrhizi (o fungo da ferrugem da soja), conforme a pauta da convocatória da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do estado de Mato Grosso.
No final da reunião, 80% das entidades se disseram contra o plantio em fevereiro. Se isso ocorrer, todo o esforço dos últimos anos na defesa sanitária estará comprometido.
A comissão é consultiva e o Indea (Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso) deverá definir se publica uma Instrução Normativa liberando excepcionalmente o plantio na safra 2018/19.
Na reunião desta quinta, participaram pesquisadores ligados à fitopatologia. Nesta sexta, haverá uma reunião da plenária da Comissão de Defesa Sanitária e Vegetal de MT, que deliberará sobre a proposta da IN.
O governo deverá acatar ou não a sugestão da comissão. Para pesquisadores, a permissão de plantio, se dada, será por pressões políticas (Folha de S.Paulo, 8/2/19)