02/06/2020

Poder de compra de adubo do sojicultor é o maior em 10 anos, diz Yara

Líder da Yara no Brasil assume vice-presidência global da empresa

O produtor de soja do Brasil alcançou a melhor relação de troca para aquisição de fertilizantes dos últimos dez anos, em função da expressiva alta do dólar sobre o real, disse nesta segunda-feira o presidente da Yara Fertilizantes para as Américas, Lair Hanzen (Foto)

“O fertilizante nunca esteve tão barato (em dólar)... está mais caro em reais, mas a soja está com preço muito mais alto”, afirmou em coletiva de imprensa por videoconferência, para anunciar a chegada do executivo Olaf Hektoen à presidência da companhia no Brasil.

A relação de troca significa a quantidade de sacas de grãos necessária para a compra do insumo que será utilizado na lavoura.

Atualmente, o produtor brasileiro está na fase de aquisição dos insumos para o plantio da safra 2020/21.

Segundo Hanzen, o setor está com níveis muito elevados de demanda por fertilizantes para a próxima safra, impulsionado pelos efeitos do dólar sobre a receita das commodities exportadas, como soja, milho e café.

Para a safra de grãos “estamos bem adiantados (nas entregas de fertilizantes) em relação ao ano anterior”.

Ele acredita que a produção de soja 2020/21 pode superar o recorde estimado para este ano, considerando também que a quebra de safra ocorrida nas lavouras do Rio Grande do Sul não deve se repetir na próxima temporada.

A colheita da oleaginosa está estimada em 120,3 milhões de toneladas nesta safra, crescimento de 4,6% em relação ao último ciclo e também um recorde de produção, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Há desafios na cana-de-açúcar... no algodão, causados pela pandemia”, disse.

Hanzen destacou que as medidas de isolamento para combater a disseminação do coronavírus afetaram os preços do etanol e, no caso do algodão, “a demanda reduziu muito” tanto na indústria têxtil “quanto em uma série de manufaturas” que utilizam a pluma.

Com relação ao surto da Covid-19, ele afirmou que a indústria de fertilizante está incluída entre os serviços essenciais porque faz parte da produção de alimentos, o que minimiza os efeitos sobre a Yara.

“A pandemia em nada muda nossos planos de longo prazo e a aposta no Brasil, esse comprometimento que temos com a agricultura brasileira”, disse.

MUDANÇA INSTITUCIONAL

A partir desta segunda-feira, Hanzen deixa a presidência da Yara no Brasil para o executivo Olaf Hektoen, e passa a responder pelo cargo de presidente da Yara nas Américas, como parte de uma alteração na estrutura organizacional da empresa.

Hanzen lembrou que durante sua gestão, desde 2012, foram investidos 15 bilhões de reais no país entre aquisições, ampliações e construções de unidades da Yara. Das aquisições, houve a compra de operações da Bunge, Galvani e Vale no período.

Dois investimentos ainda estão em andamento: o do Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre (MG) e a ampliação e modernização do Complexo Industrial de Rio Grande (RS).

Em Serra do Salitre, o aporte é de 5 bilhões de reais para um projeto integrado de mineração e beneficiamento de fertilizantes fosfatados, além de uma planta química para fertilizantes granulados, com conclusão prevista para 2021.

Já em Rio Grande foram investidos 2 bilhões de reais com previsão de entrega para o fim deste ano. “Será o maior e mais moderno parque de produção e de mistura na América Latina” (Reuters, 1/6/20)