25/04/2023

Por que gigantes do agro,como a Case IH, estão reforçando seus marketplaces

Por que gigantes do agro,como a Case IH, estão reforçando seus marketplaces

marketplace-Imagem Blog Neipatel

Setor vem crescendo no compasso do que ocorre em todos os setores da economia, um mercado estimado em R$ 185,7 bilhões este ano. Case IH está de olho no marketplace, um setor com potencial de crescimento no agro.

 

A Case IH, fabricante de máquinas agrícolas que pertence à multinacional CNH Industrial, anunciou uma parceria inédita em seu modelo de negócio. A partir de agora, ela integra o portfólio da Agrofy, um dos maiores marketplaces especializado em agro, onde estarão produtos como tratores, plantadeiras, pulverizadores, plataformas, colheitadeiras de grãos, além de colhedoras de cana e de café. “A digitalização tem de estar em todos os pontos de contato com o cliente, nos nossos produtos, na nossa comunicação e também na comercialização”, diz Eduardo Penha, diretor de marketing e comunicação da Case IH para a América Latina.

 

 

O agro embarca cada vez mais no e-commerce, uma modalidade de negócios em forte crescimento na última década e que deve permanecer ascendente. No ano passado, as vendas por meios digitais foram de R$ 169,6 bilhões em 2022, um aumento de 5% em comparação ao ano anterior, de acordo com a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico). A previsão para este ano é de R$ 185,7 bilhões. Uma pesquisa da All INN, em parceria com a Opinion Box, mostra que 87% dos consumidores já fazem suas compras online e 75% deles utilizam as redes sociais para a busca por produtos.

Para a CaseIH, a parceria com a Agrofy, startup que nasceu na Argentina e atua em vários países na América Latina, está na estratégia de uma maior presença digital e diversificação de meios de comunicação. No ano passado, por exemplo, a Case IH já havia lançado seu e-commerce próprio de venda de peças de reposição.

 

A Agrofy, que vem aumentando a presença no país, movimentou cerca de US$ 28 bilhões (R$145 milhões) no ano passado. De acordo com a empresa, o Brasil liderou o crescimento no período, ampliando em 78% o volume de compras – com cerca de 40 mil oportunidades de negócios mensais – na comparação com o ano anterior. Tomando toda a América Latina, a média de crescimento foi de 68%.

Penha afirma que a tecnologia é um pilar de crescimento e que a aposta é na sua complementaridade da Case IH, . “Acredito muito nesse formato híbrido, em que o cliente pode optar por adquirir virtualmente ou apenas pesquisar e ir até uma concessionária para ter o atendimento presencial”, diz ele.

 

Mercado crescente atrai investimentos no agro

Para os próximos anos, o modelo de vendas por canais de e-commerce tem potencial para quase duplicar em relação ao que ocorre hoje. Segundo estimativas da ABComm, os canais de e-commerce no país têm potencial para faturar R$ 205 bilhões em 2024, R$ 225 bilhões em 2025, R$ 248 bilhões em 2026, e R$ 273 bilhões em 2027.

 

Esse cenário potencial de crescimento tem levado a investimentos feitos por grandes marcas, como é o caso da CaseIH, e também ocorre um movimento ascendente de empreendedores que veem no setor uma oportunidade de negócio.

 

Há cerca de 15 meses, Juliano Guimarães, 50 anos, de Goiás, vem formatando um banco de dados de produtores rurais e se prepara para entrar nesse nicho de mercado com a plataforma Rurax. Para acertar e modelar esse universo, ele fez uma parceria com a UFG (Universidade Federal de Goiás). A universidade é referência em projetos na área de IA (Inteligência Artificial), com um centro que funciona como uma unidade da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).

 

 

Guimarães investiu cerca de R$ 3,5 milhões do próprio bolso até agora, já foi procurado por grupos de venture capital, mas prefere por ora manter o projeto. “A gente tem conversado com alguns investidores. Estamos nos preparando para um valuation melhor e aí sim vamos pensar nesse caminho”, diz ele, que já atuou fortemente no setor de consultoria. “E estar com a UFG nos dá segurança pela expertise da equipe, que já fez alguns algoritmos para empresas como iFood, Samsung, Vivo e Globo.” Segundo Guimarães, a Rurax nasce com um sistema de recomendação proprietário, que é uma das características importantes que os investidores mais olham. “Já estamos em uma negociação para sermos um parceiro do Google”, afirma.

 

A plataforma deve começar com venda de insumos, informações por meio de boletins e parceria com empresas, primeiramente no estado de Goiás, com foco no Centro-Oeste, para depois escalar o país. Já estão acertadas três empresas de calcário, uma montadora de veículos e as negociações seguem com dois bancos, indústrias e cooperativas.

 

“O marketplace é um setor que deve crescer entre as grandes empresas do agro, que demanda por quantidade, e também é uma solução muito adequada para médias e pequenas propriedades, que conseguem por esse meio produtos de qualidade e que tem condições melhores na aquisição”, acredita Guimarães. “O marketplace tem um feed mais difícil, mais desafiador, mas, por outro lado, tem uma amplitude maior de oportunidades de comércio” (Forbes, 24/4/23)