03/05/2019

Potencal da bioeletricidade na Região de Ribeirão Preto

Potencal da bioeletricidade na Região de Ribeirão Preto

Por Zilmar José de Souza

A Região de Ribeirão Preto sedia, todo ano, feiras internacionais como a Agrishow e a Agrocana & Fenasucro, eventos que reforçam a contribuição do agronegócio, e de seus tradicionais produtos, para a economia local. Em 2018, a Agrishow, que ocorre em Ribeirão Preto, movimentou quase R$ 3 bilhões e a Agrocana & Fenasucro fechou em R$ 4 bilhões negociados na sua 26ª edição, em Sertãozinho.

Contudo, não apenas os tradicionais produtos do agronegócio daquela Região - como o açúcar, o etanole o suco de laranja -, têm contribuído para a formação do Produto Interno Bruto do Estado e do país. Além dos produtos tradicionais, temos um produto derivado do agronegócio da Região de Ribeirão Preto também relevante para ser lembrado: a energia elétrica produzida no setor sucroenergético e ofertada para o Sistema Interligado Nacional.

De acordo com levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a mesorregião de Ribeirão Preto apresenta 30 unidades produtoras de açúcar e etanol, sendo todas autoprodutoras de energia elétrica, a partir do aproveitamento do bagaço e da palha, o que já é um atributo de sustentabilidade bastante importante nesta indústria.

Do total das 30 usinas sucroenergéticas na mesorregião de Ribeirão Preto, já temos 22 usinas produzindo bioeletricidade para a rede nacional, representando 73% das unidades em operação. Em 2017, segundo a EPE (2018), das 367 usinas a biomassa de cana-de-açúcar em operação, 57% comercializaram eletricidade para a rede (209 unidades). Portanto, a Região de Ribeirão Preto tem um índice de usinas exportando bioeletricidade para a rede acima do perfil nacional.

Em 2018, as 22 usinas sucroenergéticas na mesorregião de Ribeirão Preto produziram 2.424 GWh para a rede, equivalente a atender por mais de três anos o consumo residencial anual de eletricidade na cidade de Ribeirão Preto. Por ser uma geração de energia renovável e sustentável, essa geração em 2018 também foi equivalente a evitar a emissão de 716 mil tCO2, volume que somente consegue-se com o cultivo de 5 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos.

Mesmo com todo avanço, ainda aproveitamos apenas 12% do potencial de geração de bioeletricidade na mesorregião de Ribeirão Preto, considerando dados da safra passada. Se houvesse o aproveitamento pleno da biomassa presente nos canaviais, a bioeletricidade teria potencial técnico para chegar a 19,3 mil GWh, oito vezes o volume que ofertado em 2018, equivalente a atender metade do consumo anual de energia elétrica de todas as residências no Estado de São Paulo.

Estimulada pelo chamado RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis) e um ambiente de negócios mais favorável no setor elétrico, a bioeletricidade sucroenergética para a rede tem potencial para crescer mais de 50% até 2027, e a Região de Ribeirão Preto tem capacidade para contribuir com este crescimento. Trata-se de grande oportunidade para dinamizar economias regionais por meio do aproveitamento tanto do potencial de expansão do etanol como da bioeletricidade na matriz elétrica brasileira, reforçando o perfil estratégico que o setor sucroenergético apresenta para a economia das regiões produtoras, dos estados e do país (Zilmar José de Souza é gerente de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar – Única; Udop, 2/5/19)