22/03/2021

PR: Método para monitorar colheita de soja evita desperdício bilionário

PR: Método para monitorar colheita de soja evita desperdício bilionário

Legenda: No Brasil, estima-se que as perdas durante a colheita de soja sejam de duas ou mais sacas por hectare, em média. (Imagem: Antonio Neto)

Um kit de monitoramento de perdas na colheita de soja, desenvolvido pela Embrapa na década de 1980, é um dos grandes responsáveis pela redução de desperdício da cultura ao longo dos anos no estado do Paraná.

Ao medir o desperdício e identificar as causas, o monitoramento integrado da colheita da soja no estado registrou a redução das perdas de três a sete sacas por hectare, nos anos 1980, para pouco mais de uma saca pela mesma medida de área (1,05 saca/ha) na última safra 2019/2020.

Índice bem próximo do aceitável, estabelecido pela Embrapa, para desperdícios da leguminosa: até uma saca de 60 kg por hectare plantado.

No Brasil, estima-se que as perdas durante a colheita de soja sejam de duas ou mais sacas por hectare, em média.

Os levantamentos realizados são ferramentas de diagnóstico porque, a partir da caracterização do cenário de campo, podem ser elaboradas estratégias corretivas para os locais em que ocorrem desperdícios.

Na década de 1980, a Embrapa desenvolveu um kit bem simples que pode reduzir muito os prejuízos causados por perdas no momento da colheita .

“A otimização do processo de colheita da soja passa pela quantificação das perdas e o entendimento das suas causas, bem como a promoção de treinamentos para a qualificação de operadores de colhedoras”, informa o pesquisador da Embrapa Osmar Conte.

O histórico de adoção de boas práticas e os atributos para reduzir o desperdício estão descritos em Circular Técnica, editada pela Embrapa, com os resultados do monitoramento integrado da colheita da soja na safra 2019/2020 no Paraná.

O trabalho é uma parceria entre a Embrapa Soja (PR) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná).

Alguns sojicultores perderam apenas 0,2 saca por hectare

Na safra 2019/2020, em 624 lavouras amostradas no Paraná pela Embrapa e IDR, no âmbito do Programa de Redução das Perdas de Grãos na Colheita de Soja, destaca-se a região noroeste do estado, cuja média de perdas foi de apenas 0,67 saca por hectare.

“Tivemos produtores no Paraná que perderam apenas 0,2 saca por hectare e outros desperdiçaram até seis sacas por hectare, o que mostra a necessidade de continuarmos o trabalho de transferência dessa tecnologia de monitoramento para que os produtores reduzam as perdas e tenham maior lucratividade”, destaca o extensionista do IDR-Paraná Edivan José Possamai.

Ao se realizar um cálculo simples, é possível contabilizar as perdas.

Ao se considerar o desperdício de três quilogramas de soja por hectare e multiplicando-se o valor desperdiçado pela área cultivada no Paraná (5,5 milhões de hectares), chega-se a 275 mil sacas de soja.

“Considerando que o preço de dezembro/2020 era de R$ 148,00 a saca, representa R$ 40,7 milhões desperdiçados nas lavouras paranaenses, de forma direta, sem contabilizar os custos com o controle da soja guaxa ou pragas e doenças que persistente no ambiente devido aos grãos que ficam no local e germinam”, destaca.

Revisão na colhedora e capacitação do operador

Nesse processo, a máquina colhedora é ferramenta fundamental, porque pode colaborar para preservar os grãos sem danos e evitar o desperdício.

O adequado funcionamento da colhedora é essencial para a colheita e, por isso, o operador da máquina precisa ser qualificado para fazer a manutenção prévia e as regulagens diárias, de acordo com a situação de campo.

“Vale lembrar que cerca de 70% a 90% das perdas estão relacionadas a problemas na plataforma de corte da colhedora e, por isso, a necessidade de regulagens ao longo do processo de colheita por profissionais capacitados”, reforça.

“Não evitamos 100% das perdas, mas precisamos trabalhar com o nível tolerado de uma saca de 60kg por hectare. A metodologia de monitoramento de perdas na colheita de soja visa a trazer todos os conhecimentos necessários para evitar desperdícios”, afirma Conte (Money Times, 21/3/21)