17/05/2018

Praga ataca canaviais de Pernambuco com destruição de 15 toneladas por hectare

Praga ataca canaviais de Pernambuco com destruição de 15 toneladas por hectare

Depois de enfrentar cinco anos de seca, os produtores de cana agora estão preocupados com a volta do período chuvoso que tem contribuído para o desenvolvimento de pragas. A infestação da Cigarrinha da Raiz, inseto oriundo do norte do estado de Alagoas, tem se alastrado nos canaviais de toda a Zona da Mata Sul pernambucana. Inicialmente, ela ataca a raiz e retira nutrientes da plana. Secam as folhas e apodrecem. A cana também deixa de absolver água. Com isso, reduz-se a produção. Estima-se uma perda de 15 toneladas por hectare. E as que sobrevivem perdem a capacidade de reter açúcar, reduzindo seu valor de mercado.

A Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) vem atuando para controlar a praga. O Departamento Técnico da entidade tem apostado na produção de um fungo (Metarhizium anisopliae) para o controle biológico da Cigarrinha da Raiz (Mahanarva fimbriolata). "Nosso associado está recebendo-o gratuitamente. O uso de práticas culturais de controle biológico permite a redução da população desta praga a um custo inferior ao obtido com o controle químico e sendo mais eficiente", diz Paulo Giovanni, vice-presidente da AFCP e diretor do Departamento Técnico do órgão.

O fungo Metarhizium anisopliae também está à venda pela AFCP para os produtores não associados. Em casos mais extremos da infestação e quando é necessário o uso de produtos químicos, o dirigente lembra ao produtores de cana que a Cooperativa de Agronegócios da entidade (Coaf) ainda comercializa produtos para este combate químico, sendo vendido a preços menores que os praticados pelo mercado, a exemplo do inseticida Actara. Pode-se consultar o Departamento Técnico sobre qual a melhor forma de controle. No geral, Giovanni alerta que quando a praga já estiver em estado avançado, com efeito descontrolado no canavial, é recomendável usar o controle químico.

O agrônomo da AFCP, Ricardo Moura, alerta ainda para prejuízos com a Cigarrinha adulta. Causa injúria nas folhas, ou seja, provoca o sintoma conhecido popularmente como "queima da folha". Com isso, as deixam secas, diminuindo a produtividade e com perdas de ATR (taxa que mede o potencial de retirada de açúcar da planta e que serve de referência no setor canavieiro para a definição do seu valor financeiro) na colheita. 

Moura explica que existem dois tipos de Cigarrinha (Raiz e da Folha), sendo comparativamente mais agressiva e de difícil controle a espécie que ataca a raiz, face a sua localização no solo, dificultando a eficiência do combate. "Enquanto a Cigarrinha da folha ataca justamente na parte superior da cana, também com prejuízos significativos", diz o agrônomo. 

Alexandre Andrade Lima – Foto -, presidente da AFCP, chama atenção para os prejuízos financeiros com a infestação desta praga. Em valores médios, o dirigente, que também é agrônomo, garante que a Cigarrinha da Raiz causa perdas de aproximadamente 15 toneladas por hectare a cada corte de cana. Esse montante, em muitos locais, atingem valores muito maiores. Além disso, provoca a perda com a redução do crescimento da cana. E interfere diretamente na redução da produtividade e do número de cortes do talhão atacado, causando desta forma grandes prejuízos (Assessoria de Comunicação, 16/5/18)