08/01/2021

Práticas ainda escassas na atividade rural – Editoral O Estado de S.Paulo

Práticas ainda escassas na atividade rural – Editoral O Estado de S.Paulo

Há a necessidade de mais investimentos em tecnologia, em práticas de manejo e conservação dos solos.

 

Responsável por assegurar tranquilidade nas contas externas, mesmo em períodos de turbulência na economia mundial e de instabilidade no câmbio, o agronegócio brasileiro vem há anos batendo recordes de produção e de produtividade. Novas técnicas, variedades mais adaptadas às condições geológicas e climáticas, uso de novas tecnologias no cultivo e na gestão, atenção à evolução do mercado, entre outros fatores, fazem do setor um exemplo de eficiência e competitividade. Seu desempenho difere do de outros segmentos da economia, que enfrentam muitas dificuldades para acompanhar o avanço da concorrência internacional. Mas ainda há espaço para melhoras na atividade rural.

Há a necessidade, por exemplo, de mais investimentos não diretamente na produção, mas em tecnologia, em práticas de manejo e conservação dos solos e na preservação ou recomposição das áreas de preservação permanente, “para a garantia de uma melhor qualidade ambiental e a sustentabilidade dos recursos naturais”.

Esta é uma das interessantes constatações do Atlas do Espaço Rural Brasileiro lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como parte das comemorações dos 100 anos do Censo Agropecuário.

“No País, 26% de todos os estabelecimentos ainda fazem uso do cultivo convencional, em que, de forma geral, há muita perda de solo”, segundo a engenheira florestal do IBGE Luciana Temponi.

Além disso, mais da metade dos produtores não utiliza práticas que beneficiam o solo, como plantios em nível, rotação de cultura, proteção de encostas, recuperação de mata ciliar e reflorestamento em áreas de nascentes. “Em Estados como Rondônia, Tocantins, Mato Grosso e Goiás, mais de 60% dos estabelecimentos não utilizam nenhuma das boas práticas”, diz a engenheira florestal do IBGE.

A publicação mostra também que a proporção dos estabelecimentos que admitiram usar agrotóxicos passou de 27,0% em 2005 para 33,1% em 2017, aumento de 22,6% em 11 anos. Mesmo alto em 2006, o índice de estabelecimentos agropecuários com acesso à rede elétrica cresceu 22%, alcançando 83% do total em 2017.

A internet, no entanto, ainda é rara no meio rural: menos de 30% dos estabelecimentos têm acesso a ela. Maquinário como trator, colheitadeira e plantadeira é utilizado por 21,8% dos estabelecimentos (O Estado de S.Paulo, 8/1/21)