Preço ainda incentiva a comercialização de soja
A alta dos preços da soja nos mercados internacional e doméstico nos últimos meses continua a estimular a comercialização dos grãos colhidos pelos produtores brasileiros nesta safra 2017/18.
Segundo a consultoria Datagro, 54% da produção nacional estimada já estava comprometida até o fim da semana passada, ante 44% na semana anterior. Ainda há um pequeno atraso em relação ao cálculo da entidade para a média do mesmo período nos últimos cinco anos (56%), mas a diferença tem diminuído.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita de soja no Brasil baterá um novo recorde no ciclo atual. Alcançará 115 milhões de toneladas, 0,8% mais que em 2016/17 (114,1 milhões de toneladas).
Graças ao bom desenvolvimento da safra, esse volume é mais de 5 milhões de toneladas superior ao projetado pela própria estatal em dezembro. Segundo a Datagro, 81% da área plantada na temporada (35,1 milhões de hectares) foi colhida até sexta-feira passada.
Com esse incremento e a valorização das cotações - que neste ano, apesar da forte queda de ontem, chega a 10% na bolsa de Chicago e a 15% em importantes polos brasileiros -, o Ministério da Agricultura passou a estimar o valor bruto da produção do grão neste ano em R$ 124,7 bilhões, 3,8% acima de 2017 e também um novo recorde histórico.
Com a guinada dos preços, motivada pela quebra da safra argentina e pelo aumento dos prêmios pela soja brasileira nos portos graças à tensão comercial entre Estados Unidos e China, em Mato Grosso a comercialização já está mais acelerada do que no ciclo passado.
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea/Famato), 71% da produção esperada para o Estado - 31,8 milhões de toneladas, aumento de 1,6% - foi vendida até agora, ante 66,6% no mesmo período do ano passado, quando estava em jogo a comercialização da safra 2016/17.
"De qualquer forma, é a produtividade que está garantindo margens. Os preços estão apenas menos piores, e em algumas regiões ainda há problemas de rentabilidade", afirma Marcos da Rosa, presidente da Aprosoja Brasil, que representa produtores de grãos.
De acordo com ele, os custos de produção estão elevados, problemas logísticos e tributários perduram e as altas de preços muitas vezes são absorvidas por tradings e não chegam ao agricultor. "O país tem que ter projeto e o gasto público tem que responder à altura", diz (Assessoria de Comunicação, 17/4/18)