14/10/2021

Preço do boi rola ladeira abaixo; queda não chega ao bolso do consumidor

Preço do boi rola ladeira abaixo; queda não chega ao bolso do consumidor

Frigorifico_Paulo-Whitaker_Reuters

Com a saída da China do mercado, cotação da arroba cai 13% em 30 dias, recuando para R$ 270.

A ausência da China no mercado brasileiro mostra o quanto o país asiático se tornou importante para a pecuária brasileira.

Em outubro, devido a interrupção chinesa de compras de carne bovina brasileira, ocorrida no mês passado, as exportações totais dessa proteína recuaram para 5.072 toneladas por dia útil, 43% a menos do que no mês passado.

Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) e consideram apenas as vendas externas de carne fresca, resfriada ou congelada. Sem a China, o Brasil não deverá repetir o recorde de 187 mil toneladas exportadas em setembro.

Acompanhamento da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) mostrou que, de janeiro a setembro, a China ficou com 65% da carne bovina desossada e congelada exportada pelo Brasil.

O valor médio da tonelada deste mês, ao recuar para US$ 5.341, é 8% inferior ao do mês imediatamente anterior. Apesar dessa queda, a demanda internacional faz com que o preço da carne se mantenha 26% superior ao de outubro de 2020.

A ausência da China no mercado interno brasileiro provoca uma forte desaceleração nos preços da arroba de boi gordo. Coleta diária do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) indica que a arroba está em R$ 270 em São Paulo, 13% a menos do que há um mês.

Bom para o chineses. No final de junho, a arroba de boi gordo valia US$ 65 no Brasil, valor que recuou para US$ 59 há um mês. Atualmente está em US$ 49 (R$ 272).

A queda no preço da arroba de boi ainda não chegou ao consumidor. IPCA do IBGE e IPC da Fipe mostraram estabilidade nos dados de setembro. Em geral, a incorporação dos preços na taxa inflacionária, quando eles estão em alta, é rápida. Na queda, o recuo demora de seis a oito semanas.

Ao contrário do boi, o frango mantém bom ritmo nas exportações. Nestes primeiros dias de outubro, as vendas externas somam 18,5 mil toneladas por dia útil, mesmo volume de setembro. Em relação a outubro de 2020, a alta é de 25%.

Já as exportações de carne suína recuaram para 4.281 toneladas por dia, 12% a menos do que no mês imediatamente anterior, quando, pela primeira vez, superaram 100 mil toneladas em um único mês (Folha de S.Paulo, 14/10/21)