Preço do milho recua em Chicago com indicação de área maior na safra 2025/26

Produtores americanos devem semear 38,04 milhões de hectares com milho na safra 2025/26. FotoJaelson Lucas - AEN
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos prevê expansão da área plantada de milho e recuo no cultivo da soja no país.
Os preços dos grãos caíram na bolsa de Chicago nesta quinta-feira (27/2), em um dia marcado pelas primeiras estimativas para safra de grãos nos EUA em 2025/26. Com projeção de aumento de área e oferta nos EUA, o preço do milho cedeu. Os contratos para maio fecharam em queda de
2,53%, a US$ 4,81 o bushel.
Os Estados Unidos, maior produtor mundial de milho, devem plantar 38,04 milhões de hectares de milho no ciclo 2025/26, um avanço em relação aos 36,68 milhões de hectares cultivados na temporada anterior. As estimativas preliminares foram apresentadas hoje, pelo Departamento de Agricultura americano (USDA).
Em seu evento anual que traz as primeiras projeções para o novo ciclo, o Outlook Forum, o órgão estimou a colheita em 395,8 milhões de toneladas, desde que as condições de clima se mostrem ideais para o desenvolvimento da safra. Na temporada 2024/25, os americanos produziram 377,6 milhões de toneladas de milho.
Na visão de Leonardo Martini, analista de gestão de risco da StoneX, a produção americana poderá ser ainda maior, acarretando em pressão de baixa para as cotações.
“Mantendo a produtividade nos últimos anos, os EUA têm potencial para colher 400 milhões de toneladas. No Brasil, com expectativa de área da safrinha, podemos colher 100 milhões de toneladas, tirando a variável do clima”.
Mas até que esse cenário de boa oferta se concretize, o analista da StoneX espera preços em patamares elevados, diante do aperto nos estoques globais. “Enquanto o mercado não ver sinalização concreta de aumento de área nos EUA ou crescimento da produção do Brasil, não teremos espaço para realizações”, destaca.
A soja se desvalorizou mesmo com projeção de queda na área plantada americana. Os contratos para maio fecharam em queda de 0,38% , a US$ 10,3725 o bushel.
Em seu evento anual, o USDA estimou uma área de 34 milhões de hectares para a soja nos Estados Unidos em 2025/26, queda de 4% se comparado com o último ciclo. Para a colheita, a projeção é de 118,9 milhões de toneladas, número parecido com o ciclo anterior (118,8 milhões).
Mesmo com a indicação de oferta menor de soja americana, o dado não surpreendeu analistas de mercado, segundo Leonardo Martini, da StoneX.
“A primeira estimativa de safra do USDA é feita em consulta a produtores, e empresas do setor. É um número que dá um norte, mas o que vai trazer um peso para o mercado será o relatório de intenção de plantio, que será divulgado em 31 de março”, afirma.
Até a divulgação de novas estimativas de área, o preço da soja irá responder a outros elementos, como as questões geopolíticas envolvendo o presidente Donald Trump, e ainda a aceleração da colheita brasileira de soja no ciclo 2024/25.
O trigo liderou as baixas dos grãos negociados na bolsa de Chicago, tendo como pano de fundo um movimento de realização. Os lotes para maio fecharam em queda de 2,98%, para US$ 5,6250 o bushel, o quarto recuo na sequência.
O Outlook Forum, do USDA, estimou aumento na área destinada ao trigo nos EUA em 2025/26, que pode alcançar 19,02 milhões de hectares, em comparação com os 18,66 milhões de hectares do ciclo anterior.
Somando os cereais de verão e inverno, a oferta total deve ser 52,9 milhões de toneladas, menor que as 53,6 milhões em 2024/25.
Para Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, desde a semana passada as cotações do cereal na bolsa passam por um momento de correção, depois que os preços subiram pautados pela preocupação com o clima frio em áreas dos EUA e Rússia (Globo Rural, 27/2/25)