Preços de commodities agrícolas podem cair com "choque no mercado"
A ampla oferta e o golpe sobre o consumo no caso de uma recessão global ameaçam produzir um “choque no mercado”, uma vez que preços de alimentos desabariam, disse a agência de alimentos da ONU e a OCDE em um relatório publicado nesta quinta-feira.
“Os choques macroeconômicos induzidos pela pandemia da Covid-19 devem pressionar negativamente os preços das commodities agrícolas”, disseram eles, acrescentando que há potencial para “um choque de mercado historicamente significativo” neste ano.
Uma desaceleração econômica devido à pandemia de coronavírus poderia afetar a demanda por commodities agrícolas e provocar quedas de preços de curto prazo em uma escala histórica, disseram os organismos internacionais.
O impacto sobre o óleo vegetal e produtos de origem animal seria maior do que em culturas básicas, como arroz e trigo, acrescentaram.
As projeções fazem parte de relatório anual sobre perspectivas agrícolas para os próximos 10 anos produzido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O documento trouxe a primeira análise dos órgãos sobre as possíveis conseqüências do novo coronavírus.
O vírus, que causa a doença Covid-19, já contribuiu para a queda de preços de commodities agrícolas, incluindo um recuo do milho norte-americano para mínima em 10 anos, uma vez que restaurantes fecharam e o consumo de combustível caiu.
Alguns preços de commodities se recuperaram nas últimas semanas, ajudados por uma diminuição de “lockdowns” adotados pelo mundo contra a doença, embora operadores de mercado digam que as perspectivas de demanda permanecem incertas porque o vírus continua a se espalhar.
A FAO e a OCDE projetaram que os preços agrícolas teriam uma reversão gradual para seu cenário-base, que prevê ligeiro declínio em termos reais entre 2020 e 2029.
Os preços da carne, principalmente da carne suína, devem cair mais acentuadamente na próxima década, à medida que o mercado se recupera de uma epidemia de peste suína africana que dizimou os rebanhos de suínos da China e de alguns outros países asiáticos, disseram a FAO e a OCDE (Reuters, 16/7/20)