Preços do açúcar devem subir com redução de oferta da Índia
Os preços mundiais do açúcar devem avançar até o final deste ano, com um déficit global projetado para a temporada 2019/20, mostrou nesta quarta-feira uma pesquisa realizada pela Reuters com 13 analistas e operadores.
É esperado que os valores do açúcar bruto encerrem o ano a 13,80 centavos de dólar por libra-peso, uma alta de quase 15% em relação ao fechamento desta quarta-feira, de acordo com a estimativa média gerada pelas respostas compiladas.
O balanço mundial de açúcar deve mudar para um déficit de 2,95 milhões de toneladas em 2019/20, contra um superávit de 2,5 milhões de toneladas em 2018/19.
A alteração se deve em parte à estimativa de queda na produção da Índia para 28,5 milhões de toneladas em 2019/20, ante 33 milhões de toneladas vistos em 2018/19, segundo a pesquisa.
“Esperamos uma redução acentuada na produção indiana em 2019/20 para os preços começarem a se recuperar”, disse John Stansfield, analista de açúcar no Group Sopex.
“Uma safra muito pobre em Maharashtra, pressionada pelas monções fracas em 2018, que reduziram o replantio, iniciará o processo de afirmação dos preços domésticos na Índia. Preços domésticos mais altos irão reduzir o volume de exportações no mercado mundial.”
A oferta também deve ser reduzida pelo alto uso de cana para a produção de etanol, e não de açúcar, no centro-sul do Brasil. A pesquisa gerou uma estimativa média de que 35,95% da cana será utilizada para a produção de açúcar na região na temporada 2019/20.
A proporção seria similar à de 2018/19, quando 35,2% foram utilizados para a produção de açúcar, mas se manteria muito abaixo das duas temporadas anteriores, com o açúcar representando 46,5% em 2017/18 e 46,3% em 2016/17.
“O etanol está pagando melhor que o açúcar. Os preços (para o açúcar) terão de melhorar para que o Brasil altere o mix”, disse um dos participantes da pesquisa.
Ainda de acordo com as expectativas compiladas, os preços do açúcar branco devem terminar o ano a 350 dólares por tonelada, alta de cerca de 10% em relação ao último fechamento (Reuters, 25/7/19)