Preços sobem em outubro e mercado mundial fica de olho no Brasil
COLHEITA DE GRÃOS -Foto Jaelson Lucas-AEN-Agência Senado
Sete de dez dos principais produtos agropecuários tiveram alta no mês passado.
Os preços dos produtos agropecuários tiveram leve recuperação em outubro e terminam o mês com alta no campo em relação aos valores de setembro. Mesmo com esse reajuste, ainda são bem inferiores aos de há um ano.
Nos Estados Unidos, conforme dados divulgados pelo Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) nesta terça-feira (31), a tendência ainda é de queda. Os dados, porém, se referem a setembro, período em que o mercado brasileiro também registrava retração.
Segundo o Usda, os grãos caíram 4% em setembro, sobre agosto, mas acumulam retração de 11% em 12 meses. Já as proteínas tiveram retrações de 1% e 3%, respectivamente.
Os olhos do mercado mundial se voltam agora para o Brasil, um dos principais produtores de grãos e que ainda tem todo o caminho da safra 2023/24 para percorrer.
Por aqui, as chuvas irregulares no Centro-Oeste, mas intensas no Sul, retardam o plantio, colocando incertezas sobre a produção, principalmente na da soja.
Nos Estados Unidos, a colheita de soja e de milho avança para o final. Embora ainda ocorram pequenas interrupções em alguns estados produtores, o volume esperado está praticamente garantido.
Na Argentina, houve uma melhora da umidade do solo, e o produtor espera um clima melhor para esta safra 2023/24 do que o da anterior, quando houve uma forte quebra na produção de grãos.
No Brasil, sete dos dez principais produtos acompanhados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) subiram de peço no mês passado. Apenas soja, trigo e leite, tiveram preços menores, quando consideradas as médias do mês. Desses dez produtos, porém, apenas arroz e açúcar estão com preços superiores aos do mesmo mês de 2022.
Os dois produtos, em período de entressafra, devem manter essa tendência de alta. Ambos estão com elevações no mercado internacional, devido à menor oferta dos países produtores da Ásia.
O café, após o forte recuo nos últimos 12 meses, voltou a subir no mês passado. O mercado começa a avaliar as irregularidades do clima no Brasil. Negociada a R$ 811 em setembro, a saca subiu para R$ 828 no mês passado. Em outubro de 2022, no entanto, estava em R$ 1.135.
As proteínas, puxadas pelas exportações, também registraram alta no mês passado. Já a demanda interna esbarra no patamar alto dos preços.
O trigo mantém a tendência de queda que vem registrando há um ano. A tonelada recuou de R$ 1.782, em outubro de 2022, para R$ 1.030 no mês passado no Paraná.
A produção do cereal tem problemas em todo o hemisfério Sul. A produção brasileira foi reavaliada para menos, devido ao excesso de chuva no Sul, devendo ficar próxima de 10,5 milhões de toneladas. A da Argentina também não atingirá o volume previsto inicialmente, ficando em 14 milhões de toneladas, enquanto a da Austrália, que enfrenta fortes ondas de calor, será de 24,5 milhões.
A consultoria HedgePoint Global Markets prevê um primeiro semestre com oferta apertada em 2024, mas com um certo alívio no segundo.
O leite, em plena entressafra, mantém queda. Maior captação interna e importações provocaram um recuo de 31,5%, em termos reais, nos preços de setembro, em relação aos de há um ano, segundo o Cepea (Folha, 1/11/23)