26/08/2024

Prejuízo com incêndios em lavouras de cana de SP chega a R$ 350 mi

Prejuízo com incêndios em lavouras de cana de SP chega a R$ 350 mi

Trabalhador observa lavoura de cana em chamas em Dumont, na região metropolitana de Ribeirão Preto - Joel Silva -Reuters

Marcelo Toledo

 

Em apenas dois dias, foram mais de 2.000 queimadas no interior, que provocaram fumaça e encheram municípios de fuligem de cana.

Os incêndios em série registrados no interior de São Paulo nos últimos dias queimaram uma área de 59 mil hectares de lavouras de cana-de-açúcar, causando um prejuízo aos produtores rurais de R$ 350 milhões.

Os dados são da Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) e contemplam áreas a serem colhidas e também de rebrota de cana pulverizadas em várias regiões agrícolas paulistas. Só entre sexta (23) e sábado (24), foram 2.105 focos de incêndio no estado, 1.800 no primeiro dia e 305, no dia seguinte.

"O sábado começou melhor, mas os fortes ventos atrapalharam muito no fim do dia. O vento vai de um lado para o outro e aí as brigadas das usinas e dos produtores não dão conta de ficar apagando. Cada hora sopra para um lado e as fagulhas passam para outros talhões e isso se propaga", afirmou o CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira.

O cenário fez com que alguns moradores de Ribeirão Preto inclusive deixassem suas casas no condomínio Alphaville 3 entre o fim da tarde e o início da noite de sábado, já que o fogo se aproximou dos muros do residencial devido aos fortes ventos.

Os focos de incêndio em canaviais começaram pela região de São José do Rio Preto, atingindo cidades como Olímpia, e depois alcançaram o entorno de Piracicaba e chegaram à macrorregião de Ribeirão Preto, tendo cidades como Sertãozinho, Dumont, Jardinópolis, Pitangueiras, Bebedouro, Brodowski, Batatais, Barretos, Colina, Altinópolis e Cajuru entre as afetadas.

De acordo com ele, as propriedades rurais mais prejudicadas são as que ficam próximas a rodovias e às zonas urbanas dos municípios. "O cara joga a bituca de cigarro e, mesmo que tenha uma área roçada pela concessionária ou da Artesp [agência reguladora dos transportes], fica uma palhada seca também e aquilo ali pega fogo e se alastra rapidamente. Só que jogar a bituca de cigarro é crime, isso precisa ser claro."

 O mesmo se aplica, conforme o executivo, a pessoas que colocam fogo em terrenos baldios nas áreas urbanas.

Medição da entidade aponta que choveu 12 milímetros neste domingo em Ribeirão, metade do que Nogueira considera como o necessário para resolver o problema das queimadas.

Na sexta, a entidade publicou comunicado repudiando os incêndios na região de Ribeirão Preto, apontados por ela como criminosos, e dizendo que os produtores rurais e as usinas de açúcar e etanol não eram responsáveis pelas queimadas, já que sofrem prejuízo financeiro com elas.

No passado, queimar lavouras de cana era uma prática comum no interior –especialmente na região de Ribeirão, mais tradicional polo produtor do país–, mas a partir da assinatura do protocolo agroambiental, em 2007, a queima foi reduzida de forma acelerada nos anos seguintes.

Além da questão ambiental, queimar as lavouras prejudica outras atividades que surgiram nos anos seguintes nas usinas, como o etanol de segunda geração, combustível que é processado a partir de resíduos vegetais, como palha, folhas e bagaço de cana-de-açúcar.

Nos últimos dias, duas pessoas foram presas suspeitas de atearem fogo em vegetação em São José do Rio Preto e Batatais (Folha, 26/8/24)



Associação de produtores de cana classifica como criminosos os incêndios

Entidade que representa cerca de 11 mil agricultores diz que eles seguem rigorosamente as diretrizes do Protocolo Agroambiental – Etanol Mais Verde.

 

A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), que tem como presidente o produtor Gustavo Rattes Castro, publicou no final do dia desta sexta-feira (23), uma nota em que repudia os “incêndios criminosos que vêm atingindo propriedades rurais na região de Ribeirão Preto”, em São Paulo.

 

Com sede neste município, a Orplana é uma entidade formada por 32 associações de fornecedores de cana, sendo 24 no estado de São Paulo, três em Minas Gerais, três em Goiás, e uma em cada estado (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A entidade representa cerca de 11 mil fornecedores de cana-de-açúcar “que seguem rigorosamente as diretrizes do Protocolo Agroambiental – Etanol Mais Verde”, diz a nota.

 

“A ORPLANA (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) – que conta, atualmente, com 33 associações de fornecedores de cana e representa mais de 12 mil produtores de cana-de-açúcar – repudia veemente os incêndios criminosos que vêm atingindo propriedades rurais na região de Ribeirão Preto.

 

A organização e seus associados seguem rigorosamente as diretrizes do Protocolo Agroambiental – Etanol Mais Verde, que proíbe o uso de fogo na colheita de cana no Estado de São Paulo. Além disso, apoiam a campanha de combate e prevenção a incêndios da ABAG/RP (Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto), que trabalha proativamente contra as ocorrências de fogo no campo, e esclarece que os produtores de cana-de-açúcar e as usinas não são os responsáveis pelos incêndios e, sim, que atuam para afastar o fogo de suas produções.

 

A ORPLANA enfatiza que as queimadas prejudicam o meio ambiente, a segurança das pessoas e também a rentabilidade dos produtores rurais. Diante da baixa umidade do ar, falta de chuvas e temperaturas elevadas, toda a cadeia de produção da cana-de-açúcar está mobilizada contra os incêndios e comprometida com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente.” (Forbes com Reuters, 23/8/24)

 



Usineiros mobilizam 10 mil brigadistas e 1,5 mil caminhões-pipa contra incêndios

Diante do aumento expressivo de incêndios no Estado de São Paulo, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e suas associadas colocaram à disposição do governo de São Paulo uma ampla estrutura para combater os focos de incêndio que assolam o Estado. "São mais de 1,5 mil caminhões-pipa e cerca de 10 mil brigadistas do setor atuando nesse esforço conjunto sob coordenação do governo estadual", afirmou a entidade em nota.

A participação da iniciativa privada compõe uma operação conjunta, envolvendo o governo estadual e mais de 7,3 mil profissionais e voluntários, que está em curso para combater o fogo, com o apoio de helicópteros, aeronaves, drones, e veículos.

Até o momento, 24 cidades enfrentam focos ativos de incêndio, agravados pela baixa umidade e a onda de calor que atinge o Estado. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, estabeleceu situação de emergência em 45 municípios paulistas devido aos incêndios, medida que vigorará por 180 dias.

A mobilização ocorre em meio a uma crise de incêndios florestais que afetam diversas regiões produtoras, especialmente na área de Ribeirão Preto. O governo paulista, em resposta à gravidade da situação, anunciou um pacote de ações no valor de R$ 10 milhões para auxiliar os produtores rurais do Estado (Broadcast, 25/8/24)



Raízen enfrenta incêndios em áreas de produção e mobiliza recursos para minimizar danos 

A Raízen confirmou em nota ao Broadcast enfrentar incêndios no Estado de São Paulo que afetam, além de suas áreas de produção, as de fornecedores de cana e de outros grupos sucroenergéticos. A origem dos incêndios ainda é desconhecida e o cenário é agravado pela longa estiagem, baixa umidade do ar, ação dos ventos e altas temperaturas, segundo a companhia.

A empresa informou que todo o efetivo da brigada de incêndio da Raízen está mobilizado no combate aos focos, com o apoio de aeronaves e a colaboração do Corpo de Bombeiros. "Devido à gravidade da situação, estamos utilizando todos os recursos disponíveis para controlar os incêndios e minimizar os danos", afirmou a companhia na nota.

No comunicado, a Raízen reforçou seu compromisso com a preservação ambiental, afirmando não realizar a queima de cana e que segue o Protocolo Agroambiental - Etanol Mais Verde, assinado com o governo de São Paulo em 2017. O protocolo visa a extinção da queimada como método de colheita, pois a queima da cana compromete a qualidade do produto e a integridade dos solos. "A cana queimada perde qualidade e se torna inadequada para o processamento, além da perda de matéria orgânica dos solos", disse.

A companhia também emitiu um alerta para a população, destacando a importância da conscientização para prevenir e controlar incêndios. As orientações incluem não arremessar bitucas de cigarro acesas nas estradas, evitar a queima de mato e a realização de fogueiras, e a não utilização de fogo para limpeza de terrenos. O tempo seco, as altas temperaturas e os fortes ventos são fatores que intensificam o risco de alastramento do fogo.

Os casos de incêndio no interior de São Paulo afetam diversas companhias do setor sucroenergético com operação no Estado, principal polo produtor de cana-de-açúcar do País. Na sexta-feira, a São Martinho também havia confirmado a ocorrência de incêndio em canaviais.

Neste domingo, em entrevista ao Broadcast, o CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), José Guilherme Nogueira, relatou que 59 mil hectares de áreas plantadas com cana foram queimadas no Estado entre sexta-feira e sábado (Broadcast, 25/8/24)