Pressão contra subsídio da Índia ao açúcar
O Brasil e outros grandes exportadores de açúcar uniram forças para ampliar a pressão sobre a Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC) diante dos planos de Nova Déli de aumentar os subsídios para as exportações da commodity, conforme apurou o Valor.
Em disputa com o Brasil pela liderança na produção global de açúcar, a Índia deverá registrar aumento da ordem de 50% em sua oferta nesta safra 2017/18, para pelo menos 30 milhões de toneladas. A consultoria FCStone prevê 31,9 milhões de toneladas, com novo salto para 32,8 milhões em 2018/19, volume superior ao estimado para o Brasil (32,6 milhões).
Nesse cenário, que tem deprimido as cotações internacionais, o governo indiano voltou a oferecer subsídios às usinas do país, com a obrigação de que elas exportem ao menos 2 milhões de toneladas a mais. Isso inquieta produtores tradicionais, que temem queda ainda maior dos preços, que já estão no menor patamar em uma década.
Nesta quarta-feira, em Nova York, uma conferência internacional sobre açúcar e etanol reunirá os grandes exportadores do setor privado, e a questão indiana estará no centro da agenda.
Em Genebra, Brasil, Austrália e Tailândia, além de produtores menores, como Guatemala, questionam os indianos sobre detalhes de seus programas de incentivos. E deverão pressionar o país a respeitar os compromissos de não subvencionar as exportações. O tema inevitavelmente estará na agenda da próxima reunião do Comitê de Agricultura da OMC, no dia 11 de junho.
Além da perspectiva de que os indianos inundem o mercado com açúcar barato, outra preocupação dos brasileiros é o acesso de seu produto na União Europeia.
Nas negociações em curso com o Mercosul por um acordo de livre comércio, o bloco europeu oferece uma cota de 100 mil toneladas de açúcar com tarifa de € 98 por tonelada. Mas os produtores brasileiros sustentam que, com essa alíquota intracota, é praticamente impossível concorrer no mercado europeu.
Bruxelas até agora não dá sinal de que vá ser flexível nessas discussões. Os europeus deram uma cota de 30 mil toneladas para o México exportar para a UE, com tarifa intracota de € 49 por tonelada, no que foi considerado um sinal de que a UE não vai atender à demanda do Mercosul, que pede tarifa zero dentro das cotas.
Mas Geraldine Kutas, representante em Bruxelas da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) reage: "O que a União Europeia fez com o México não vai funcionar com o Mercosul. Se houver qualquer tarifa intracota, não ganhamos nenhum acesso ao mercado", afirma.
Ou seja, se os europeus não fizerem uma concessão melhor para o açúcar e o etanol, a negociação do acordo UE-Mercosul continuará complicada (Assessoria de Comunicação, 9/5/18)
Produção na Índia deve crescer 4,2% na safra 208/19, para 33,8 mi de t
A produção de açúcar na Índia deve aumentar 4,2% na safra de 2018/19, para 33,8 milhões de toneladas, estimou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Com isso, a projeção para as exportações do período ficaram em 6 milhões de toneladas, volume extremamente superior ao montante de 2 milhões de toneladas previsto para ser embarcado na temporada atual, de 2017/18.
As vendas externas do produto indiano tendem a ser estimuladas pelo subsídio oferecido pelo governo local e, com mais oferta de açúcar no mundo, a perspectiva é que os preços globais sigam pressionados (Dow Jones Newswires, 9/5/18)
Única critica em fórum internacional subsídios adotados por Índia e China
Países membros do Global Alliance for Sugar Trade Reform and Liberalisation criticaram os subsídios a exportações de açúcar realizadas pelos governos do Paquistão e da Índia, informou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em nota.
No fórum realizado ontem (8), em Nova York, representantes dos países membros reforçaram que os dois governos precisam reconsiderar seus mecanismos artificiais para exportação de açúcar e cumprir as regras internacionais estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e não subsidiar o produto. A expectativa é de que tanto o Paquistão quanto a Índia se comprometam com uma agenda de revisão de suas políticas a médio e longo prazo.
Na reunião, os participantes também apontaram que a União Europeia precisa estar em conformidade com o que assumiu junto à OMC e eliminar os efeitos adversos de uma superprodução e exportação de açúcar causadas por suas contravenções. Suas reformas no mercado de açúcar não foram bem sucedidas para eliminar o excedente de produção, sustentado por altas tarifas de importação. "Não deve haver subsídios à exportação de açúcar. Os membros desse fórum vão monitorar de perto essas práticas e engajar seus governos a tomarem todas as medidas necessárias para assegurar a conformidade das regras da OMC", afirmou, na ocasião, o diretor executivo da Unica, Eduardo Leão (Broadcast, 9/5/18)