Previsões para safra de soja do Brasil devem subir com clima favorável
Analistas brasileiros deverão elevar suas previsões para a safra de soja do Brasil 2017/18 nas próximas semanas, uma vez que as preocupações climáticas diminuíram e as lavouras estão se desenvolvendo bem, disseram quatro consultorias à Reuters nesta semana.
Atualmente, a safra do Brasil, maior exportador mundial da oleaginosa e o segundo produtor depois dos Estados Unidos, está estimada em 109,43 milhões de toneladas, com base em uma média de previsões compiladas em uma pesquisa publicada em 14 de novembro.
“Como a safra está indo bem até o momento --teve um atraso no plantio... mas choveu--, achamos que deve ter um acréscimo na produtividade média. Devemos revisar para cima o número de produtividade, e com base nisso apontar um aumento da safra”, disse o analista da AgRural Adriano Gomes, em uma entrevista por telefone.
Ao final de outubro, a produção de soja do Brasil havia sido estimada pela AgRural em 110,2 milhões de toneladas, ante 114,1 milhões de toneladas na safra anterior, que registrou produtividades recordes.
“Sim, tem um viés de aumentar a produtividade”, ressaltou ele, ponderando que até o momento a consultoria tinha por base no seu levantamento a linha de tendência histórica, mas a partir de dezembro passará a contar com números obtidos junto aos agentes no campo.
Gomes comentou que o número atual da AgRural considera uma produtividade média de 53 sacas por hectare, ante 56,1 sacas da safra passada, considerada uma temporada “excepcional”.
“Não teve problema na safra em nenhum lugar do Brasil, mas para repetir a produtividade do ano passado tem que ser perfeito”, ressaltou.
Na hipótese de isso se repetir, o Brasil até mesmo poderia superar a histórica produção da colheita passada, uma vez que o plantio deve aumentar 2,6 por cento, para um recorde de 34,80 milhões de hectares, segundo a pesquisa da Reuters.
CAUTELA
Consultorias tendem a ficar cautelosas no início da temporada de plantio, disse Luiz Fernando Roque, da Safras & Mercado, uma vez que questões climáticas podem interferir no desenvolvimento das plantações.
Contudo, Roque disse que o Brasil poderia “sem esforço” alcançar 110 milhões de toneladas de produção de soja, mesmo no caso da ocorrência de pequenas adversidades climáticas.
A Safras & Mercado já estima a produção de soja do Brasil em 2017/18 em 114,7 milhões de toneladas, praticamente o mesmo volume produzido pelo Brasil na última temporada --a consultoria tem a maior projeção na pesquisa da Reuters.
Ana Luiza Lodi, especialista de soja da INTL FCStone, não exclui a possibilidade de o Brasil igualar os níveis de produção da safra passada, e está pronta para revisar suas próprias previsões nesta semana.
Embora os números estejam sendo finalizados, Ana Luiza disse que projeções de produtividade poderiam ser revisadas para cima conforme a safra se desenvolve e também por conta do aumento da área de plantio.
Após produtores atrasarem o plantio no Centro-Oeste do Brasil devido ao clima seco, plantações de soja e milho da primeira safra melhoraram significativamente, disse Enilson Nogueira, da consultoria Céleres.
Um fator que influenciaria as estimativas seria o fenômeno climático La Niña, que poderia limitar as chuvas no Sul do Brasil e Argentina e possivelmente danificar safras, dependendo de se e quando ele ocorrer.
Porém Marco Antonio dos Santos, da empresa de consultoria climática Rural Clima, disse que o La Niña, causado por temperaturas mais baixas na superfície oceânica ao redor do Pacífico Equatorial, provavelmente não vai acontecer nesta temporada.
“Acredito que teremos um ano de neutralidade climática... não tem tempo hábil para se formar um La Niña”, disse Santos, durante evento na semana passada em São Paulo.
“A safra tem tudo para ser muito boa”, comentou ele, lembrando que parte da desconfiança em relação à produtividade da temporada atual se deve à safra passada, que foi “maravilhosa” (Reuters, 29/11/17)