Problemas climáticos prejudicam estimativas da safra 2022
SOJA E MILHO REUTERS Inae Riveras.jpg
Uma piora na projeção da colheita da soja e do milho de primeira safra reduziu mais uma vez a previsão para a safra brasileira de grãos em 2022, segundo os dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de março, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A produção agrícola de 2022 deve totalizar um recorde de 258,9 milhões de toneladas, um aumento de 2,3% em comparação com 2021. No entanto, o resultado é 2,7 milhões de toneladas inferior ao previsto em fevereiro, um recuo de 1,0%.
“Em relação ao segundo prognóstico (divulgado ainda em 2021), a gente está perdendo 19 milhões de toneladas”, observou Carlos Alfredo Guedes, gerente da pesquisa do IBGE. “Os problemas climáticos estão afetando as estimativas”, justificou.
O pesquisador lembra que uma forte estiagem danificou as lavouras dos Estados da região Sul e de Mato Grosso do Sul, com impacto, sobretudo, nas estimativas para a soja.
“A gente esperava uma safra muito boa, mas logo em novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, nós tivemos falta de chuvas, principalmente na região Sul”, declarou.
Em relação à projeção feita no mês anterior, houve reduções em março nas estimativas para a colheita de uva (-9,5% ou -155,6 mil toneladas), soja (-5,6% ou -6,8 milhões de toneladas), milho 1ª safra (-3,8% ou -965,6 mil toneladas) e tomate (-1,9% ou -69,5 mil toneladas).
“Produtos como a soja e o milho 1ª safra têm impactos grandes nas cadeias de pecuária”, lembrou Guedes.
O pesquisador explica que na criação de frangos e suínos, os animais consomem muito milho e soja. Parte da produção de bovinos também pode ser prejudicada por meio do encarecimento da ração.
“Então isso eleva o custo de produção, que o produtor também repassa ao consumidor”, disse.
Na direção oposta, melhoraram as projeções para as lavouras de cevada (11,4% ou 46,4 mil toneladas), trigo (9,6 % ou 697,6 mil toneladas), milho 2ª safra (4,9% ou 4,1 milhões de toneladas), feijão 2ª safra (4,5% ou 58,8 mil toneladas), algodão herbáceo em caroço (3,7% ou 231,7 mil toneladas), aveia (3,3% ou 32,4 mil toneladas), feijão 1ª safra (2,0% ou 23,7 mil toneladas), feijão 3ª safra (1,7% ou 9,9 mil toneladas), café canephora (1,7% ou 17,1 mil toneladas) e café arábica (0,6% ou 14,3 mil toneladas) (Broadcast, 7/4/22)