Procura externa pela soja brasileira segura ritmo de queda
A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e as perspectivas, por ora, de uma boa safra americana de soja começam a fazer efeito sobre a renda dos produtores brasileiros.
O contrato de julho da leguminosa foi negociado, em média, a US$ 10,24 por bushel (27,2 quilos) no mês passado. Nesta quarta-feira (20), a soja esteve a US$ 8,90 na Bolsa de Chicago.
A queda se refletiu no preço recebido pelo produtor. No início de junho, a saca de soja valia R$ 70 em Sorriso (MT). Nesta quinta, estava em R$ 62, segundo Adriano Gomes, analista de mercado da AgRural.
Boa parte dessa queda dos preços da soja no Centro-Oeste se deve, porém, à confusão instalado no setor com o tabelamento de frete.
Não fosse a evolução nos custos dos fretes, a queda poderia ter sido menor, uma vez que a demanda pela soja brasileira continua aquecida.
Em Paranaguá, a saca recuou apenas R$ 4 neste mês, para R$ 83 nesta quarta. O ritmo menor da queda se deve ao pagamento de um prêmio pelo produto brasileiro de US$ 1,50 por bushel.
Esse prêmio mostra quanto o valor da soja brasileira, negociada em Paranaguá, supera o da leguminosa na Bolsa de Chicago.
Há duas semanas, o pagamento do prêmio estava entre US$ 0,80 a US$ 0,85, segundo Gomes.
O dólar em alta deveria elevar as receitas em reais, mas as indefinições no mercado de frete fazem com que os compradores fiquem retraídos.
Com o comprador fora do mercado e preços em queda, o produtor também fica retraído, segundo o analista da AgRural.
O primeiro contrato de soja fechou nesta quarta-feira em US$ 8,8950, valor próximo dos US$ 8,8900 de terça-feira (19), quando havia registrado forte queda (Folha de S.Paulo, 21/6/18)