10/02/2023

Produção de trigo supera a de arroz na região Sul

Produção de trigo supera a de arroz na região Sul

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Rio Grande do Sul lidera a produção dos dois cereais.

A produção de trigo da região Sul superou a de arroz pela primeira vez desde a década de 1980. Naquela década, a produção de trigo avançou e, em 1986, chegou a 5,2 milhões de toneladas. Já os dados totais do país mostraram um equilíbrio entre os dois cereais na safra do ano passado.

No ano passado, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul colheram 9,11 milhões de toneladas de trigo, acima dos 8,81 milhões de arroz, conforme levantamento de safra do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

As perspectivas atuais indicam um retorno do arroz à liderança neste ano, embora clima e preços internacionais ainda possam interferir nesse quadro.

Enquanto o arroz vem registrando queda contínua na área plantada no decorrer dos anos, o trigo atingiu um recorde no espaço utilizado com plantio no ano passado.

Nos cálculos do IBGE, a área com arroz deverá recuar mais 8,3% no Sul nesta safra de 2023, que está em desenvolvimento, enquanto a retração na de trigo, após o recorde de 2022, será de 3,7%.

Essa troca de posições é boa para o Rio Grande do Sul, líder na produção nacional dos dois cereais. O estado perde com o arroz, cuja área encurta ano a ano, mas ganha com o trigo, que avança.

O estado registra um recuo anual na produção de arroz, mas melhora a produtividade, uma vez que o plantio, devido a custos e rentabilidade, se concentra nas melhores áreas, as que dispõem de mais água.
No ano passado, 53% do trigo produzido no Brasil saiu dos campos gaúchos. A participação do arroz foi de 70%.

Para 2023, a área da safra gaúcha de arroz está definida e recua 9,7% em relação à de 2022. A produtividade e a produção vão depender ainda das condições climáticas. O estado voltou a registrar uma crise hídrica neste ano, o que afeta o fornecimento de água para as lavouras de arroz.

Já a área de trigo, que será semeada no segundo semestre, deverá recuar 4,3%, em relação ao recorde de 2022.

O avanço do trigo no ano passado ocorreu devido aos bons preços externos, provocados pela guerra entre Rússia e Ucrânia e pelos novos mercados externos conquistados pelo estado para o cereal.

No ano passado, o Brasil exportou o recorde de 3,07 milhões de toneladas de trigo. Desse volume, 2,96 milhões saíram do Rio Grande do Sul.

Com o recorde nacional de produção —10 milhões de toneladas—, o país reduziu a importação para 5,72 milhões de toneladas em 2022, o menor volume em sete safras.

O Brasil continua, no entanto, dependente do mercado externo. O consumo anual de trigo é de 12 milhões.
O Rio Grande do Sul se destaca também nas exportações de arroz. No ano passado, o Brasil colocou 2,11 milhões de toneladas do cereal no mercado externo, praticamente todo esse volume saiu pelo Rio Grande do Sul.

Exportações ainda aquecidas 

As exportações de arroz e de trigo voltaram a registrar patamares elevados no primeiro mês deste ano, conforme dados divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Em janeiro, o país exportou 128 mil toneladas de arroz, 19% a mais do que em igual mês do ano passado. No caso do trigo, foram 562 mil toneladas, um pouco abaixo do recorde de janeiro de 2022 (Folha de S.Paulo, 10/2/23)