Produção nacional de milho recua para 90 milhões de toneladas
LAVOURA DE MILHO portal Embrapa
O volume é bem inferior às projeções iniciais de até 110 milhões de toneladas.
Os dados das consultorias começam a refletir mais claramente os efeitos da seca em suas estimativas de produção de milho safrinha deste ano.
O país não deverá ter mais um volume total, incluindo as três safras, de até 110 milhões de toneladas, como estimado anteriormente. Os novos dados apontam para um volume próximo de 90 milhões de toneladas.
A AgRural, que previa uma safrinha de até 73 milhões de toneladas no início da segunda quinzena de abril, agora estima uma produção de apenas 60 milhões na região centro-sul.
Esses números indicam que o país, em relação às projeções inicias, feitas em outubro de 2020, já tem uma perda de 17 milhões de toneladas.
Somados os números da Conab para as regiões Norte e Nordeste, a produção total da safra 2020/21 recua para 90,9 milhões de toneladas, segundo a agência. A anterior foi de 102,6 milhões.
A StoneX também reajustou para baixo os dados de produção da safrinha. Conforme dados apurados pela Reuters, a segunda safra cai para 62 milhões de toneladas, bem abaixo da expectativa de 72,7 milhões do mês passado.
Com base na nova estimativa, a produção total do país será de 89,7 milhões de toneladas.
Esses novos números vão exigir uma importação maior, que poderá chegar a 2,5 milhões de toneladas, e uma exportação menor, prevista em 21 milhões de toneladas, segundo analistas da StoneX.
O Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) também revisou os dados. O atraso na semeadura e o baixo índice pluviométrico de maio, fizeram o instituto baixar a produtividade para 93,8 sacas por hectare.
Com área plantada de 5,69 milhões de hectares, a produção do estado cai para 32 milhões de toneladas.
Os órgãos oficiais, como Conab e IBGE, também deverão reajustar seus números para baixo na próxima divulgação de estimativa de safra. Atualmente, a Conab prevê 106,4 milhões de toneladas, e o IBGE, 102,5 milhões.
O efeito dessa quebra de produção é que o país certamente vai exportar menos. O tamanho dessa redução vai depender do trânsito do cereal pelos estados e da atuação dos países importadores, na avaliação de Daniela Siqueira, da AgRural.
Segundo ela, Mato Grosso, o maior produtor e o maior exportador, é o estado que menos perde. A produção, conforme as estimativas atuais, indicam que o estado terá uma colheita 9% inferior ao potencial inicial.
Já Paraná e Mato Grosso do Sul têm condições adversas bem mais sérias. Os paranaenses vão produzir 32% a menos do que seu potencial inicial, e os sul-mato-grossenses, 27% a menos.
A redução de oferta e a forte demanda continuam dando sustentação aos preços internos do milho. Nesta quarta-feira, a saca foi negociada, em média, a R$ 98,7, segundo cotações do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Há um ano, estava em R$ 49,6 (Folha de S.Paulo, 2/6/21)