Produtividade da cana-de-açúcar diminui nos canaviais do noroeste de SP
Dados da Conab indicam que o Brasil deve colher 635 milhões de toneladas de cana, o que corresponde a uma redução de 3,3% em relação à safra anterior.
O clima não ajudou e a cana-de-açúcar não se desenvolveu como o agricultor Agnelo Zogato esperava. Ele diz que em uma das lavouras choveu muito forte, o que não é bom. O ideal seria uma chuva mais leve e mais demorada, permitindo que a terra absorvesse a água.
Na safra passada, a produtividade foi de 97 toneladas por hectare. Neste ano, a previsão é de uma redução em torno de 20%, o que está em sintonia com a estimativa da Associação dos Plantadores de Cana (Aplacana), que reúne 300 produtores da região noroeste do estado.
Os problemas de produtividade não são consequência apenas do clima. O presidente da Aplacana, Juliano Maset, diz que os produtores estão tendo dificuldades para renovar os canaviais. O ideal seria renovar pelo menos de 20% a 25% da área total a cada ano.
Investir em outra cultura onde normalmente se cultiva a cana ajuda a recuperar os nutrientes do solo. A rotação de cultura nas áreas de cana-de-açúcar costuma ir bem com soja e amendoim.
O agrônomo Júlio César Moreira acredita que o ideal é ter em média de 2,5 a 3 cortes para fazer a renovação, ao invés de 4,5 a 5 cortes. O agricultor Donaldo Paiola ressalta que atualmente é difícil encontrar quem consiga reformar o canavial no tempo certo e que é comum encontrar canaviais de até 10 anos na região.
O reflexo da queda na produção é percebido quando a cana chega mais leve e menos doce na usina. O canavial mais velho e com menos chuva faz com que o nível de açúcar da cana, chamado de ATR, fique mais baixo. Isso interfere no valor que o produtor recebe pela matéria-prima.
Segundo a Conab, o Brasil deve colher 635 milhões de toneladas de cana, o que significa uma redução de 3,3% em relação à safra anterior (G1, 29/4/18)