Produtor de SP combate cana com valor agregado
Imagens por satélite mostram as mudanças na agricultura do estado em 30 anos.
A agropecuária do nordeste do estado de São Paulo mudou muito nos últimos 30 anos. A cana avançou e tomou lugar de parte das pastagens, das lavouras de grãos e dos laranjais.
As culturas que perderam espaço, porém, se ajustaram e buscam mudanças que tragam uma remuneração melhor do que a da cana.
É o que mostra estudo da Embrapa Territorial, que comparou imagens de satélites de 1988 e de 2016 de 125 municípios da região, englobando uma área de 52 mil km².
Essa agregação de valor vem tanto das lavouras anuais concentradas nas áreas irrigadas das regiões de Guaíra e de Casa Branca como dos confinamentos e semiconfinamentos bovinos.
Além disso, a mudança no manejo na citricultura trouxe maior produtividade ao setor.
Para Carlos Cesar Ronquim, pesquisador responsável pelo estudo feito pela Embrapa Territorial, a irrigação permite ao produtor obter até três safras por ano.
Uma delas é dedicada à produção do milho verde para o consumo humano. Esse milho é encaminhado às indústrias ou aos centros de abastecimento da cidade de São Paulo e do interior.
O milho verde é mais rentável do que o seco, destinado praticamente para a ração animal e produzido em larga escala no Centro-Oeste.
As culturas irrigadas ocupam uma área de 69 mil hectares na região nordeste do estado e a safra de milho é sucedida pela de feijão e, na sequência, vem a da batata.
O estudo da Embrapa aponta que o setor de grãos, que ocupava área de 936 mil hectares em 1998, tinha apenas 352 mil em 2016. No mesmo período, as pastagens perderam 700 mil hectares e a área de cítricos, 180 mil.
Já o grande avanço nessas áreas cultiváveis do nordeste do estado veio da cana-de-açúcar. A atividade incorporou 1,3 milhão de hectares no período e atualmente detém 44% das terras do nordeste paulista.
O cultivo da cana, por causa da renovação cíclica de parte das áreas plantadas, permite também um avanço das culturas de grãos.
Entre essas culturas estão as de soja e de amendoim. Neste último caso, a renovação dos canaviais garante à região do estado a liderança nacional em produção.
As imagens de satélites apontaram também que houve grande avanço das matas nativas, que em 2016 ocupavam 1 milhão de hectares, 15% mais do que em 1988.
Ronquim diz que esse aumento das matas nativas ocorreu por regeneração espontânea. São áreas de topo de morro e de declividade que dificultam o cultivo agrícola.
O café também teve grande avanço no nordeste paulista nas últimas décadas. A cultura dobrou de área, para 123 mil hectares, e os produtores se dedicaram à produção de cafés de qualidade (Folha de S.Paulo, 2/10/18)