Produtores terão uma semana de expectativa para os preços de grão
Legenda: O produtor de soja e milho Wagner Ricardo Turcato na fazenda Lagoa Santa em Guaíra, no interior de SP
Fato mais importante, porém, será a reunião da alta cúpula dos Estados Unidos e da China.
Esta será uma semana de expectativas para os produtores. Na quinta-feira (10), Brasil e Estados Unidos divulgam novos números de produção, estoque, oferta e demanda de grãos.
O fato mais importante, porém, será a reunião da alta cúpula dos Estados Unidos e da China para continuarem a discussão sobre a guerra comercial travada pelos dois países.
Um eventual acerto entre as duas partes beneficiará os produtores porque haverá uma alta de preços na Bolsa de commodities de Chicago.
Pouco presentes no mercado americano de grãos no ano comercial passado, os chineses já elevam as compras nesta temporada. Com isso, chegam à reunião de quinta-feira com uma carta na manga.
Os chineses sabem que a oleaginosa é um dos elementos-chave na discussão, uma vez que os produtores rurais são os maiores apoiadores do presidente Donald Trump.
Os chineses já compraram 3,6 milhões de toneladas de soja dos americanos neste ano comercial, que teve início em setembro e vai até o final de agosto de 2020.
É um bom volume, se comparado ao 1,3 milhão de toneladas de setembro de 2018, mas fica bem abaixo dos 10 milhões da média dos últimos cinco anos para o mesmo período, segundo registros oficiais do Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).
Na avaliação do mercado, as compras da China já ultrapassam 7 milhões de toneladas, se considerada a soja vendida, mas ainda não embarcada para o país asiático.
Os verdadeiros sinais que o término da guerra comercial entre os dois gigantes traria para o produtor brasileiro ainda não estão claros, segundo Daniele Siqueira, da AgRural.
No caso da soja, um acordo elevaria o preço externo da oleaginosa, beneficiando os produtores do Brasil, que já são favorecidos pela atual cotação do dólar. Essa vantagem do câmbio os americanos não têm.
A opção chinesa pela soja americana, a moeda de troca no acordo, porém, faria o valor do prêmio pago à soja brasileira desabar.
O Brasil poderá ser o único, entre os três grandes produtores, a ter aumento na safra de soja neste ano. Os Estados Unidos vão produzir abaixo de 100 milhões de toneladas, após terem atingido acima de 120 milhões na safra anterior. Já os argentinos vão plantar mais, mas o volume a ser colhido, por ora, indica recuo para 51 milhões de toneladas.
O volume maior da produção brasileira esbarra, entretanto, no elevado estoque de 24,9 milhões de toneladas que os americanos possuem. Eles venderam pouco para os chineses nas últimas safras (Folha de S.Paulo, 8/10/19)