Protagonismo do agro paulista e brasileiro exige renovação de seus líderes
CAPA Tarcísio de Freitas, Paulo Junqueira,Bolsonaro Ronaldo Caiado Foto Douglas Intrabartolo
Por Ronaldo Knack
Legenda: Governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, Paulo Junqueira presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, ex-presidente Bolsonaro e governador do Estado de Goiás Ronaldo Caiado no maior evento de protesto contra o governo federal da história de Ribeirão Preto e que reuniu produtores rurais e milhares de pessoas na manhã do último domingo. Foto Douglas Intrabartolo
Um dos principais gargalos do agronegócio nacional é a falta de lideranças propositivas nas instituições e entidades de classe dos produtores rurais, em grande parte delas ocupadas há muitos anos pelas mesmas pessoas e/ou por dirigentes mal formados e desinformados sobre as atividades que exercem.
O protagonismo do agro verde-amarelo exige uma adequação e renovação permanente destas lideranças já que o Brasil caminha a passos largos para se consolidar como o maior produtor e exportador global de alimentos, fibras e biocombustíveis.
Sem esta renovação ficaremos no “mais do mesmo” e não teremos atores que possam articular e criar narrativas frente às campanhas orquestradas e pagas por governos estrangeiros e pelas empresas que veem com riscos a competência dos produtores rurais brasileiros com a utilização de tecnologias e sustentabilidade ambiental, social e governança (ESG).
Neste contexto, um novo personagem surge e chama atenção pelo seu trabalho e pela visão estratégica que tem do agronegócio, incluindo as cadeias produtivas. Trata-se de Paulo Junqueira, advogado, produtor rural de grãos e cana-de-açúcar e presidente do Sindicato Rural, da Associação Rural de Ribeirão Preto e da Assovale – Associação Rural do Vale do Rio Pardo.
Nos últimos dias, Paulinho Junqueira, como é tratado pelos que o cercam, mais uma vez colocou Ribeirão Preto e a Agrishow nos cenários nacional e internacional. A exemplo do ano passado, quando trouxe o ex-presidente Jair Bolsonaro à abertura do evento, deixou em posição de desconforto o ministro da Agricultura Carlos Fávaro e mesmo o presidente Lula.
Fávaro usou a narrativa de “desconvite” dos organizadores da feira enquanto Lula fez o que gosta de fazer, ou seja, desmerecer e agredir o setor que é responsável por 49% das exportações brasileiras. “Os produtores rurais são fascistas e o agro brasileiro precisa de um “salto de qualidade”, afirmou (13/3/24).
No último domingo (28) Paulo Junqueira organizou um encontro dos produtores rurais com Bolsonaro no mesmo horário (10h) em que seria realizada a abertura oficial da Agrishow. De Brasília vieram o vice-presidente Geraldo Alckmin, acompanhado dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação).
Legenda Ministro Paulo Pimenta (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Tirso Meirelles (Faesp/Senar), ministra Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Geraldo Alckmin (Vice-presidente da República) e Carlos Fávaro (Ministro da Agricultura). Foto Divulgação Faesp Senar
O evento foi realizado a portas fechadas, ou seja, contando com a participação de poucos convidados. Já o evento com Bolsonaro, reuniu dezenas de milhares de pessoas e contou com as presenças do governador do Estado de São Paulo Tarcísio de Freitas, do governador do Estado de Goiás Ronaldo Caiado e de grande número de senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores.
Ainda no domingo à noite, Paulo Junqueira foi uma das atrações do Agrotalk Show que reuniu personalidades como Bolsonaro, Tarcísio, Caiado, deputado federal Pedro Lupion (Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária), do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, da senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, do secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo Aldo Rebelo, de senadores, deputados federais e estaduais.
Neste evento Junqueira fez críticas à política agrária de Lula que faz vistas grossas em relação ao Movimento dos Sem Terra – ancorado pelo ministro Paulo Pimenta - que têm desafiado o estado democrático de direito e continua invadindo propriedades públicas e privadas. Também dirigiu sua crítica a falta de transparência na Faesp/Senar – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo cuja presidência é ocupada há 48 anos por Fábio Meirelles.
Em novembro do ano passado foram convocadas eleições para a sucessão do nonagenário Meirelles que, bem ao seu estilo, indicou seu filho Tirso para sucedê-lo. O processo eleitoral foi denunciado à Justiça do Trabalho que o anulou em razão da série de evidências de irregularidades cometidas pelos atuais gestores da Faesp/Senar.
Transgredindo a decisão da Justiça do Trabalho que colocou as eleições sub judice, Tirso Meirelles chegou a anunciar sua posse em pomposa cerimônia que seria realizada no último dia 14 de abril no Theatro Municipal de São Paulo. Nova decisão, desta vez do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região – TRT2, cancelou o evento há poucas horas antes do seu início, trazendo desconforto para autoridades e convidados.
Nova audiência está agendada para o próximo dia 14 de maio, quando pode ser anunciada a decisão do mesmo Tribunal Regional
do Trabalho sobre a validade ou não da eleição de novembro. As denúncias de irregularidades promovidas pelos gestores da Faesp/Senar nas eleições de novembro partiram do grupo liderado por Paulo Junqueira que se apresentaram como candidatos da oposição.
Paulo Junqueira, que foi um dos poucos dirigentes de sindicatos rurais com coragem e determinação de denunciar a gestão de Fábio Meirelles e do seu filho Tirso Faesp/Senar, mostra-se seguro e otimista em relação a decisão da Justiça do Trabalho e lembra que a mídia nacional (Revista Veja, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Revista Oeste, G1, BrasilAgro, dentre outros) vem pautando denúncias graves contra os gestores da entidade.
“Todos clamamos pela ética e pela transparência. É inadmissível que uma entidade que representa o Estado de São Paulo, líder das exportações brasileiras do agro neste 1º trimestre, ficando à frente do Mato Grosso, seja comandada pelo mesmo dirigente há quase meio século. Pior, em sucessivas gestões marcadas por denúncias sérias e graves feitas pela mídia nacional”, afirma Paulo Junqueira (Ronaldo Knack é Jornalista e bacharel em Administração de Empresas e Direito. É também fundador e editor do BrasilAgro (www.brasilagro.com.br); 3/5/24)