Protocolar, suspensão de venda de carne bovina para China deve cair logo
Legenda: Gado em fazendo em Sorriso, em Mato Grosso
Interrupção de vendas após caso atípico de vaca louca faz parte de protocolo sanitário.
A OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) encerrou a apuração sobre o caso da doença atípica da vaca louca ocorrida em Mato Grosso.
A avaliação do órgão internacional confirma o status sanitário do Brasil, que é de risco insignificante para a doença, segundo o Ministério da Agricultura.
Apesar do encerramento do caso, o Brasil suspendeu temporariamente as exportações de carne bovina para a China. A suspensão faz parte do protocolo sanitário assinado pelos dois países em 2015.
O caso da doença ocorrida no Brasil, porém, é bem diferente do das primeiras ocorrências nos anos 1990 na Europa, região que lutou por muito tempo contra a doença.
O caso brasileiro, denominado atípico, não representa risco para a saúde humana.
Diante disso, a avaliação dos chineses sobre o caso brasileiro deverá ser rápida. Além de a análise da OIE indicar que não há riscos, os chineses têm uma demanda muito grande por proteínas, por causa dos problemas sanitários do país.
Se a avaliação dos chineses demorar, parte da carne brasileira entrará por Hong Kong, o que vinha ocorrendo com frequência nos anos recentes.
No ano passado, os chineses importaram o correspondente a US$ 1,5 bilhão de carne bovina do Brasil, bem acima dos US$ 939 milhões de 2017. Nos quatro primeiros meses deste ano, o volume já atinge US$ 443 milhões.
Já Hong Kong importou apenas US$ 542 milhões de carne bovina em 2018, bem abaixo do US$ 1,5 bilhão de 2017.
China e Hong Kong têm se revezado na liderança das importações dessa proteína brasileira nos últimos anos.
A demanda chinesa por carnes é grande porque a peste suína africana, que atinge o país desde 2018, deverá provocar uma queda de pelo menos 30% na produção de carne suína neste ano.
Os chineses deixarão de produzir próximo de 16 milhões de toneladas.
Básica na alimentação da população nesse país asiático, a carne suína deverá ser substituída por outras proteínas.
Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), diz que o setor de aves e de suínos não deverá ser afetado, principalmente em razão da necessidade dos chineses.
Turra considera que, não fosse o protocolo assinado entre os países, nem as exportações de carne bovina deveriam ser interrompidas, após a avaliação favorável da OIE.
A importância do Brasil aumenta ano a ano no fornecimento de carne para a China. No ano passado, os chineses lideraram as importações de proteínas do Brasil, tanto de carne bovina como de suína e de frango.
Na avaliação do Rabobank, a China, que já importou 311 mil toneladas de carne bovina no primeiro trimestre, 47% mais do que em igual período de 2018, vai continuar precisando dessa proteína para cobrir a demanda interna, elevando os preços mundiais do produto (Folha de S.Paulo, 4/6/19)
Vaca louca: Brasil suspende exportações de carne bovina para China
Segundo ministério da Agricultura, suspensão é automática em razão de acordo com país asiático e deve ser levantada em breve.
Após a identificação na semana passada de um caso atípico de vaca louca em Mato Grosso, o governo brasileiro suspendeu as exportações de carne bovina para a China.
De acordo com o Ministério da Agricultura, a suspensão é automática em razão de um acordo assinado entre o Brasil e o país asiático em 2015, que prevê esse tipo de medida.
A assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura afirma que a expectativa é que a suspensão seja levantada em breve, tão logo os chineses avaliem documentação já entregue às autoridades daquele país pela embaixada do Brasil em Pequim.
Na sexta-feira (31), a pasta confirmou a ocorrência, em Mato Grosso, de um caso atípico de doença da vaca louca. De acordo com o ministério, essa doença ocorre de forma "espontânea e esporádica" e não tem relação com alimentos contaminados.
"O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil suspendeu temporariamente a emissão de certificados sanitários até que a autoridade chinesa conclua sua avaliação das informações já transmitidas sobre o episódio, cumprindo-se, assim, o disposto no protocolo bilateral assinado em 2015", argumenta a pasta, em nota publicada nesta segunda-feira (3).
Na sexta-feira (31), a pasta confirmou a ocorrência, em Mato Grosso, de um caso atípico de doença da vaca louca. De acordo com o ministério, essa doença ocorre de forma "espontânea e esporádica" e não tem relação com alimentos contaminados.
"Trata-se de uma vaca de corte, com idade de 17 anos. Todo o material de risco específico para EEB [doença da vaca louca] foi removido do animal durante o abate de emergência e incinerado no próprio matadouro. Outros produtos derivados do animal foram identificados, localizados e apreendidos preventivamente, não havendo ingresso de nenhum produto na cadeia alimentar humana ou de ruminantes. Não há, portanto, risco para a população", disse o ministério em nota, na sexta-feira.
No mesmo comunicado, a pasta disse que as ações sanitárias de "mitigação de risco" foram feitas e que o Brasil notificou formalmente os países importadores de proteína animal bovina e a OIE (Organização Mundial da Saúde Animal).
O Ministério da Agricultura ressaltou ainda que o Brasil mantém a sua classificação em relação à doença, de "risco insignificante".
A China é uma importante compradora de carne bovina no Brasil, tendo adquirido no ano passado US$ 1,49 bilhão do produto.
O tema foi levado ao presidente Jair Bolsonaro, que se reuniu nesta segunda-feira, no Palácio do Planalto, com a ministra Tereza Cristina (Agricultura) e com o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Alceu Moreira (MDB-RS).
O parlamentar disse que a suspensão às exportações de carne bovina para a China foi um ato de "precaução."
"A ministra Tereza Cristina suspendeu porque um importador como a China precisa ser tratado com absolutas garantias, então nós fizemos isso muito mais por precaução", disse Moreira.
Ele afirmou ainda que a OIE determinou o encerramento do caso.
"Isso está concluído, é um assunto que não existe mais", disse o deputado. "Assim que tivermos a nota técnica [da OIE] que afirma que este fato foi concluído, imediatamente reaproximamos a negociação com a China para restabelecer o mercado", acrescentou (Folha de S.Paulo, 4/6/19)