Próxima safra de cana no CS será semelhante à atual, com foco no etanol
A próxima safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, a 2019/20, que se inicia em abril, deverá ter um volume semelhante ao da atual, na casa de 570 milhões de toneladas, afirmou nesta quinta-feira o diretor da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, em uma avaliação preliminar.
Segundo ele, a exemplo do que ocorreu em 2018/19, a próxima temporada também será “muito alcooleira”, com usinas tirando proveito de melhores preços do etanol em relação ao açúcar.
Padua evitou apontar um volume de moagem para a nova safra. O número indicado para 2018/19, de aproximadamente 570 milhões de toneladas, representaria uma queda de cerca de 4 por cento frente a anterior.
Mais cedo, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previu a safra 2018/19 do Centro-Sul em 566,9 milhões de toneladas.
A jornalistas, ele disse achar “difícil” que a próxima safra seja menor em relação à vigente. “Deve ser semelhante à atual, não volta ao nível de 2017/18”, destacou.
A projeção quanto a uma certa estabilidade para a safra futura foi indicada apesar de o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) ter avaliado, na mesma conferência de imprensa, que o clima até o momento tem sido muito favorável para a cana do Centro-Sul, que responde por cerca de 90 por cento da colheita do Brasil.
O gerente de Marketing e Negócios do CTC, Luiz Antonio Dias Paes, disse acreditar que a produtividade dos canaviais deverá crescer em 0,5 tonelada por hectare em média, com uma lavoura menos envelhecida.
Espera-se um canavial com 3,66 anos, em média, ante 3,72 anos na temporada atual.
A produtividade possivelmente maior seria compensada por eventual queda de área de colheita, de cerca de 1 por cento, uma vez que a cana deverá perder algum espaço para grãos e outras áreas recém-plantadas só começarão a produzir em 2020, segundo o executivo do CTC.
Conforme Paes, há perspectiva de aumento na renovação de canaviais.
“Até agora a coisa está indo muito bem, se tivermos um verão normal, a expectativa é de que tenhamos uma safra mais produtiva que a deste ano”, comentou.
BALANÇO
Os 570 milhões de toneladas de moagem em 2018/19 consideram um processamento de cerca de 10 milhões de toneladas entre janeiro e março, o período de entressafra.
Segundo dados da Unica, até 16 de dezembro 205 usinas haviam encerrado as atividades da atual temporada, ante 215 há um ano. A expectativa, segundo Rodrigues, é de que até o fim deste mês o esmagamento de cana chegue a 560 milhões de toneladas.
Até a primeira metade de dezembro, a moagem de cana no Centro-Sul totalizava 556,8 milhões de toneladas, queda de 4,1 por cento, com a fabricação de açúcar 26,7 por cento menor, com 26,2 milhões de toneladas.
Em paralelo, a de etanol apresenta incremento de 19 por cento, com quase 30 bilhões de litros, refletindo um mix de 64,4 por cento da oferta de matéria-prima alocada para o biocombustível no ciclo.
RENOVABIO
A presidente da Unica, Elizabeth Farina, aproveitou o evento para fazer um balanço de sua gestão à frente da entidade. Ela deixará o cargo em 31 de março, conforme já anunciado.
Segundo ela, o RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis) pode ser considerado uma das principais conquistas do setor sucroenergético e está alinhado com a visão de governo liberal do presidente eleito Jair Bolsonaro.
“A estrutura do RenovaBio converge para esse recorte mais liberal, não tem subsídio, não tem renúncia fiscal... Acredito que terá convergência com o tipo de política que será aplicada (pelo nove governo)”, afirmou ela (Reuters, 20/12/18)