Que venham os planos dos presidenciáveis para 2022 – Por Roberto Rodrigues
ROBERTO RODRIGUES Foto Assembleia Legislativa MS.jpg
Com programas claros, a democracia será mais efetiva, tornando a cobrança posterior mais viável.
Falta pouco para 2022, quando acontecerão dois fatos que normalmente empolgam o povo brasileiro: Copa do Mundo e eleições. Desta vez, o entusiasmo pelo futebol talvez não seja tão grande como no passado. Por enquanto, a seleção ainda não encantou. Temos bons jogadores, mas falta algo, talvez mais compromisso com o País, menos estrelismo, menos dinheiro envolvido; quem sabe, um meio de campo efetivo, que coloque os artilheiros na “cara do gol”.
Antes, a lista de convocados provocava acirrado debate: “Por que esse, em vez daquele?” Hoje, muitos convocados são pouco conhecidos, nem jogam aqui, não inspiram a torcida. Mas ainda há tempo para planos que ajustem tudo até junho.
Em compensação, o processo eleitoral está em pleno vigor, com paixão. Candidatos se movem com grande antecipação, o eleitorado dividido entre situação, oposição ao governo atual e uma certa terceira via pulverizada que, por sua vez, tem um grupo expressivo de pretendentes. Há um debate em torno do que os candidatos dizem ou deixam de dizer, que tem sido polarizado, com radicalização e ódio. Falta discussão mais densa em torno de conceitos e programas de governo. Sem essa coluna dorsal de uma disputa eleitoral, o debate se concentra em torno de predileções ideológicas ou mesmo de antipatias pessoais que desconsideram o que é essencial para o País, numa sociedade digital em que tudo o que acontece fica no mesmo instante conhecido por todo mundo, literalmente.
É verdade que os principais candidatos começam a indicar os nomes de integrantes de seu futuro eventual governo, sobretudo na área econômica. Esse processo é fundamental para a tomada de decisão do eleitor consciente, que desconsidere ações populistas e sem consistência. Com programas claros, inclusive de cunho político-ideológico, a democracia será mais efetiva, tornando a cobrança posterior mais viável.
Conceitos caracterizadores do que o candidato pensa em relação ao papel e ao tamanho do Estado na economia, por exemplo, ou em relação à internacionalização do País, ou quanto à defesa do meio ambiente, são importantíssimos. Assim, também são planos concretos para a educação; ciência e tecnologia; saúde e segurança.
O desafio é torná-los factíveis, e não meros discursos eleitoreiros. Fundamental indicar os recursos para cada um, de que montante e origem, para que possam ser acompanhados pela sociedade. Ninguém mais tolera promessas vazias.
Que venham os planos de governo dos candidatos à Presidência da República (Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura é coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas; O Estado de S.Paulo, 12/12/21)