04/06/2018

Quixadá: usina de biodiesel tem três grupos interessados

Unidade cearense foi desativada em 2016 no plano de desinvestimento da Petrobras

Dois dos investidores são do exterior. Projeto aguarda aprovação do governo para que as negociações evoluam.

Desativada em 2016, no plano de desinvestimento da Petrobras que promoveu o desmonte dos empreendimentos da empresa no Ceará, a Usina de Biodiesel de Quixadá possui três grandes grupos interessados em reativá-la - dois dos quais são internacionais - e as chances disso acontecer estão mais reais, segundo revelou o engenheiro químico e consultor internacional em energia Expedito Parente Jr.

Membro do grupo que elaborou o estudo de viabilidade da usina sem a participação da Petrobras, ele contou que o projeto foi entregue à Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) nas últimas semanas e, agora, aguarda uma resposta do governo estadual para que as negociações com os investidores avancem.

Incentivos e condicionantes

"Está sendo aguardado um retorno por parte do governo para que se possa estabelecer uma política de incentivo e de condicionantes para um investidor privado", acrescentou.

O objetivo, de acordo com o consultor, é de que seja montado um plano de incentivo fiscal, sendo que o investidor se comprometa a cumprir requisitos básicos, como estimular a agricultura familiar e promover o desenvolvimento de um novo insumo, para que não seja preciso trazer soja para o Ceará.

Para Parente, os óleos residuais, a gordura animal e também o óleo da semente de algodão podem substituir o insumo que era trazido do Centro-Oeste na futura produção da usina. "Na minha opinião, essa unidade não só deve continuar a operar, como deverá ser ampliada. A produção deve ser pelo menos duplicada. Aqui e nos estados vizinhos, a demanda para acrescentar 10% de biodiesel ao diesel é atendida por produtores de longe", afirma o consultor, apontando uma oportunidade de negócio real.

Quanto à capacidade de produção, a Usina de Biodiesel de Quixadá pode fabricar até 108 milhões de litros do combustível anualmente, segundo consta no perfil da indústria quando inaugurada. Além disso, eram empregados diretamente 200 profissionais de mão de obra qualificada e mais outras centenas de postos indiretos gerados pela cadeia de fornecimento de insumos.

Interesse confirmado

Sem prazo definido para dar uma resposta, a Adece informou que, "no momento, um estudo de viabilidade técnica para a operação da usina está sendo elaborado pela SDA (Secretaria de Desenvolvimento Agrário)". A Agência destacou a participação da Associação dos Engenheiros da Petrobras e da Secretaria do Planejamento na articulação para a reativação, além de outros grupos organizados, e confirmou que "alguns investidores demonstraram interessem em assumir o negócio" (Diário do Nordeste, 2/6/18)