28/07/2023

Rebanho dos EUA cai e Brasil ganha competitividade

Rebanho bovino dos Estados Unidos foi de 95,9 milhões de cabeças no início do mês - Paulo Whitaker - 1º.jul.2017/Reuters

GADO CONFINADO- Paulo Whitaker - 1º.jul.2017-Reuters

 

Potencial americano para produção e exportação de carne bovina vem recuando.

O rebanho bovino dos Estados Unidos estava em 95,9 milhões de cabeças no início deste mês de julho. O número é 3% abaixo do de igual período de 2022 e mostra retração pelo quinto ano. Em 2006 superava 100 milhões de animais.

Os dados são do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e indicam uma desaceleração em praticamente todos os segmentos do setor. O número de vacas e de novilhas caiu 2%, e o de bezerros, 2%, em comparação com 2022.

Boa parte dessa queda reflete o aumento de custos para os pecuaristas nos anos recentes, principalmente com a elevação dos preços dos grãos que compõem a ração. A ocorrência mais frequente de secas, que afetam as pastagens, também leva o produtor para outras atividades.

O número de gado neste ano só supera o do período da intensa seca de 2012. Em alguns segmentos, como o de vacas para corte, ele volta para a década de 1960.

A retração no rebanho força os americanos a exportar menos e a importar mais. Neste ano, a produção de carne bovina deverá recuar para 12,4 milhões de toneladas, segundo o Usda, 4% a menos do que na anterior.

Com um volume interno menor de carne, as exportações estão em queda e devem ficar em 1,46 milhão de toneladas, 9% a menos do que em 2022.

 

As importações, previstas em 1,6 milhão de toneladas pelo Usda, aumentarão 4% em relação às do ano passado. O quadro atual leva os americanos a uma perda de competitividade em relação aos brasileiros no mercado externo. Com a retração atual no rebanho, ela deverá persistir, a menos que eles elevem em muito a produtividade.

Um dos sinais de menor oferta interna de carne nos Estados Unidos é a redução de animais confinados. Em julho, são 11,2 milhões, 2% a menos do que em igual mês de 2022.

O Brasil já vem aumentando a participação no mercado dos Estados Unidos. De 2018 a 2022, as exportações brasileiras para os americanos aumentaram 230%. No ano passado, foram 212 mil toneladas, colocando o Brasil como o maior exportador para os Estados Unidos entre os países fora do acordo comercial da América do Norte.

De janeiro a maio deste ano, com 125 mil toneladas comercializadas, o Brasil ainda se mantém nessa posição, embora com um volume menor do que nos cinco primeiros meses de 2022.

Tomando como referência os dados do Usda, o rebanho brasileiro é de 194 milhões de cabeças. A produção de carne bovina sobe para 10,7 milhões de toneladas, e as exportações, para 3,1 milhões, ambas com projeção de evolução de 3% neste ano.

Brasil e Estados Unidos estão entre os maiores produtores e fornecedores mundiais de carne bovina. Os americanos são os maiores produtores, e os brasileiros, os líderes em exportação (Folha, 28/7/23)