Recuo de geleiras nos Andes é sem precedentes na civilização humana
Montanhistas passam pelo glaciar Iver perto do cume da montanha El Plomo, na Cordilheira dos Andes, na região metropolitana de Santiago, no Chile - Ivan Alvarado - 4.abr.2024 Reuters
Autores de pesquisa publicada nesta quinta se dizem chocados com conclusões.
O recuo recente de geleiras nos Andes é algo sem precedentes na história da civilização humana, afirma um novo estudo publicado nesta quinta-feira (1º) na revista Science. A descoberta chocou cientistas, que inicialmente planejavam estudar o atual estado das geleiras e como elas mudavam ao longo da civilização humana.
"Achamos que estávamos décadas distantes desse resultado", disse Andrew Gorin, principal autor do estudo, que inicialmente achou que os resultados eram um acaso. Eles foram confirmados, no entanto, por amostras posteriores.
"Isso mostra que está acontecendo mais rápido do que aqueles que estudam o tema imaginavam."
Gorin e o time de cientistas fizeram datação do carbono de rochas expostas recentemente pela redução das geleiras, medindo os níveis dos nuclídeos de berílio-10 e carbono-14, descobrindo que suas concentrações eram quase zero.
"Basicamente, se sua rocha consegue ver o céu, ela está acumulando esses nuclídeos", disse Gorin, acrescentando que a taxa desses nuclídeos mostra que a rocha não esteve exposta durante o Holoceno, há 11,7 mil anos, ou até mais.
"Eu apostaria todas as minhas economias que, de fato, essas geleiras estão menores do que eram desde o último período interglacial", que terminou há cerca de 115 mil anos, afirmou Gorin.
"Acho que é um sinal de que estamos deixando para trás as condições climáticas às quais estávamos acostumados, nas quais construímos a civilização global como a conhecemos", disse (Reuters, 1/8/24)