Redução da cota de frango para UE traz perda de até US$ 100 mi ao Brasil
A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal no primeiro trimestre do ano passado, continua trazendo problemas às exportações brasileiras de carnes.
Devido às dificuldades de controle sanitário, o governo brasileiro reduziu a utilização das cotas que o país tem direito nas vendas externas de carne de frango para a União Europeia.
O Brasil tem uma cota próxima de 400 mil toneladas de diversos tipos de carne de frango para exportar para a União Europeia.
A de carne salgada, que soma 170 mil toneladas, é a principal e a que está sendo mais afetada pela utilização menor das cotas. O corte feito pelo governo pode atingir 10% das cotas.
A ação vem trazendo dificuldades tanto para exportadores brasileiros como para importadores europeus.
Os brasileiros que tiveram suas plantas impedidas de exportar estão obtendo receitas menores. As estimativas são de queda de US$ 80 milhões a US$ 100 milhões.
Já os importadores europeus, ao deixar de receber essa carne de frango, não conseguem cumprir os contratos de distribuição na Europa.
A carne exportada pelo Brasil, principalmente a salgada, tem características específicas e está adaptada ao sabor dos europeus.
Além disso, a ausência desse produto brasileiro no mercado europeu está provocando elevação de preços ao consumidor.
Ainda há a possibilidade de as empresas brasileiras utilizarem a parte suspensa dessas cotas neste e no próximo trimestre. Para isso, Brasil e União Europeia devem chegar a um acordo sobre as condições sanitárias da carne, principalmente na questão de salmonella.
O Brasil corre o risco de parte dessas cotas serem substituídas por fornecedores europeus, como ucranianos e poloneses, ou por produtores de outras regiões, como argentinos e chilenos.
A Tailândia tem potencial também para substituir o produto brasileiro, mas os tailandeses já têm cotas de exportação para a União Europeia (Folha de S.Paulo, 25/1/18)