25/01/2024

Renda da elite do agro mais que dobrou nos principais estados do Brasil

Renda da elite do agro mais que dobrou nos principais estados do Brasil

VPB (Imagem Reuters-Paulo Whitaker)

 

Por Pasquale Augusto

As maiores taxas médias de expansão na renda do 0,01% mais rico foram verificadas em Amazonas, Mato Grosso e Rondônia 

A renda da elite do agro (0,01%) cresceu nominalmente 96% no período de cinco anos quase três vezes mais do que a registrada na base da pirâmide social (33%), de acordo com estudo do Observatório de Política Fiscal da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A pesquisa busca analisar a concentração de renda no topo da pirâmide social brasileira entre 2017 e 2022, mostrando como cresceram os rendimentos dos mais ricos em cada unidade federada.

Os resultados apontam que, além de ter crescido bem acima da média da população, a renda da elite subiu mais nos estados em que a economia é dominada pelo agronegócio, chegando a uma alta nominal de 204% (ou 131% em valores reais) no Mato Grosso do Sul (MS) no estrato social constituído pelo 0,01% mais rico.

Crescimento da renda média dos 10 estados mais ricos da população entre 2017 e 2022 – FGV

                 

Estrato do 0,01% mais rico UF

                 

UF

 

Pessoas

 

Renda média

 

Variação nominal

 

Variação real

 

MS

 

221

 

1983224

 

204%

 

131%

 

AM

 

171

 

2103129

 

191%

 

122%

 

MT

 

294

 

2738128

 

183%

 

115%

 

RO

 

106

 

1246387

 

170%

 

106%

 

RR

 

32

 

906233

 

146%

 

87%

 

RN

 

156

 

1011252

 

143%

 

85%

 

SC

 

776

 

1864640

 

131%

 

76%

 

AP

 

38

 

579388

 

122%

 

69%

 

PR

 

1027

 

2304422

 

121%

 

68%

 

TO

 

86

 

1054494

 

115%

 

64%

 

Depois do Mato Grosso do Sul, as maiores taxas médias de expansão na renda do 0,01% mais rico foram verificadas em Amazonas (122% acima da inflação), Mato Grosso (115%) e Rondônia (106%).

O estado em que a elite teve o pior desempenho foi o Ceará (20% em termos nominais ou -9% em valores reais), seguido por Pará (4%) e Rio de Janeiro (12%).

De forma geral. as análises apontam que a concentração de renda no topo cresceu significativamente no período recente, destoando do ocorrido na década anterior. Ao mesmo tempo que indica que o crescimento da renda no topo apresenta fortes diferenças regionais, tendo sido mais pronunciado em estados cuja economia, em geral, é dominada pelo agro (Money Times, 24/1/24)