Repórter do 'Financial Times' elege inovações que pegaram nos EUA
Quando recordarmos 2017, de que inovações lembraremos?
Inteligência artificial, computadores quânticos e implantes de cérebro podem ter conquistado manchetes, mas essas tecnologias ainda não afetam nossas vidas cotidianas.
Quando penso em como meus hábitos tecnológicos mudaram nos últimos 12 meses, 2017 parece ter sido o ano do sem fio.
Tecnologias como fones de ouvido Bluetooth, relógios inteligentes e sistemas de pagamento por meio de dispositivos móveis podem não ser novidade, mas este foi o ano em que seu uso se tornou mais comum.
Ou ao menos em que elas começaram a funcionar de verdade.
Veja algumas mudanças que a tecnologia promoveu em nossas vidas pessoais em 2017.
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Pagamentos genuinamente móveis
O fim do prazo para que o varejo americano atualizasse seus sistemas de forma a aceitar cartões dotados de chip e protegidos por senhas, no fim de 2015, combinado aos esforços da Apple, Samsung e Google no campo dos pagamentos móveis, enfim resultou em massa crítica no apoio a novos sistemas, por parte dos bancos e do varejo.
Uso o sistema de pagamentos Apple Pay (ainda não disponível no Brasil) quase todos os dias, especialmente por meio do Apple Watch, o que representa outra forma modesta mas frequente de economizar tempo.
Parece plausível que em breve não precisemos mais portar cartões de crédito ou débito.
Recarga de celular sem fioPode não parecer grande coisa, até que você experimente. Quando o faz, ficar mexendo em cabos subitamente vira um fardo.
Os smartphones com carregadores sem fio oferecem solução simples para a ansiedade quanto à duração da bateria.
Uma placa de carga na mesa ou no balcão de cozinha significa que é possível manter a bateria sempre cheia.
Os mais recentes iPhones agora se uniram à linha Galaxy da Samsung no uso da tecnologia Qi de recarga sem fio, e parece provável que cafés e aeroportos comecem a instalar placas carregadoras para uso do público.
Mal posso esperar pelo dia em que os pacotes portáteis de bateria se tornarão obsoletos.
Jogos em telas múltiplas que realmente funcionam
Nenhuma lista dos sucessos do ano estaria completa sem o Nintendo Switch (oficialmente, não à venda no Brasil). O console, que recentemente ultrapassou os 10 milhões de unidades vendidas, é um imenso sucesso.
O grande avanço é que ele permite jogar na TV ou na tela do componente portátil do console sem ter de reiniciar o jogo.
Isso subitamente faz com que jogar "Super Mario Odyssey" na tela do televisor pareça menos antissocial -em lugar de ocupar a sala de visitas ou me isolar em uma sala de jogos, tiro o elemento portátil do Switch de seu acoplador e posso continuar esmagando cogumelos e escorregando por encanamentos sem incomodar os outros.
Reconhecimento facial
Olhe sem tocar. O reconhecimento facial é outra tecnologia que existe há muitos anos, mas parece ter encontrado seu ritmo em 2017.
O exemplo mais claro é o iPhone X (a partir de R$ 6.999) e seu sistema de câmera TrueDepth.
Subitamente, milhões de pessoas estão colocando seus celulares em operação com pouco mais que um olhar.
Se 2017 foi o ano em que os sistemas sem fio começaram a cumprir o que prometem, o Face ID da Apple e sistemas semelhantes podem sinalizar o início de outra mudança: o surgimento da era pós-toque, quando controlaremos os aparelhos por voz, gestos ou pelo olhar, sem termos de digitar comandos ou tocar em telas.
Pergunte a Alexa e ouça música em toda parte
O Natal deste ano parece estar a caminho de ser outra festa para o sistema Alexa.
Mas, quando o encanto com a novidade passa, continuo a ouvir muita gente se queixar de que não encontra muita coisa para fazer com o Amazon Echo ou o Google Home (oficialmente, não à venda no Brasil).
Para mim, música continua a ser a função matadora do alto-falante inteligente, e tanto o sistema da Amazon quanto o do Google agora possibilitam "áudio em múltiplas salas".
Já que um Echo Dot ou Home Mini custa menos de US$ 50, estamos diante de uma maneira fantasticamente barata de ouvir música simultaneamente em todos os cômodos da casa.
A casa inteligente ficou um pouco menos burra
Enfrentei dificuldades por muitos anos com os sistemas para casas inteligentes, que prometem muito e cumprem quase nada.
Agora que Amazon Echo, Google Nest, Samsung SmartThings e Apple HomeKit já têm alguns anos de rodagem, eles estão, enfim, começando a funcionar como deveriam.
Acender diversas luzes ao mesmo tempo com um comando via celular, alto-falante inteligente ou relógio inteligente pode parecer coisa de preguiçoso, admito, mas é bem conveniente quando você chega a uma casa escura ou quer assistir a um filme.
Novos competidores como a Ikea também ajudaram a baixar o preço das lâmpadas conectadas.
Ligações sem fio e sem as mãos; música via AirPods
Doze meses depois de comprar um fone de ouvido AirPods (R$ 1.399 no Brasil), cheguei à conclusão de que ele é um dos melhores produtos da Apple em anos.
A chave dos atrativos é que, ao menos para a maioria, eles são leves e confortáveis o bastante para permitir uso prolongado.
A bateria pode acabar depois de uma hora de conversa ao telefone, mas a recarga é tão rápida que isso nunca parece problema.
Combinar o AirPods ao Apple Watch é especialmente agradável.
Responder a um telefonema tocando meu pulso e ouvir a ligação imediatamente em meus ouvidos é um milagre com o qual me deleito a cada dia. O mesmo vale para ouvir música (Financial Times, 26/12/17)