Ritmo das exportações acelera, mas soja deve impedir que ano supere 2018
Legenda: Colheita de algodão em fazenda em Goiás; embarques sobem 55%
Vendas externas batem recorde em fevereiro puxadas por algodão, etanol, milho e carnes.
As exportações do agronegócio aceleraram o ritmo neste mês. Após terem atingido US$ 102 bilhões no ano passado, as vendas externas começam 2019 também começa com incremento.
Fevereiro nem terminou e as exportações de soja já bateram o recorde para o mês. Já são 4,5 milhões de toneladas embarcadas, podendo atingir 5,6 milhões até o final do mês.
Os dados desta segunda-feira (25) da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicam também boa evolução das exportações de carnes, café, milho, algodão e etanol, sempre em comparação com as de igual período do ano passado.
Dois dos destaques, o algodão e o etanol, têm alta de 55% e de 93%, respectivamente, no volume exportado, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio exterior).
O início de ano acelerado não quer dizer que 2019 deverá superar as receitas de 2018.
Um dos principais motivos é a soja, o carro-chefe das exportações. As vendas externas da oleaginosa estão aceleradas porque a safra foi antecipada e a guerra comercial entre EUA e China continua —apesar de Donald Trump ter anunciado uma trégua no domingo (24).
Após ter atingido US$ 41 bilhões de receitas no ano passado, o complexo soja deverá ter uma redução próxima de US$ 10 bilhões neste ano.
A perda é tão grande que não deverá ser compensada por outros produtos, mesmo com a recuperação de vários deles.
Uma das recuperações fica por conta do açúcar. Após ter exportações 31% menores na safra 2018/19, a commodity poderá ter uma evolução 10% maior na 2019/20.
O etanol volta a ter saldo líquido para o Brasil. Mas as exportações médias da safra crescerão 4%, abaixo do ritmo dos últimos dois meses.
Milho e algodão também vão dar sustentação às exportações do agronegócio, principalmente devido à maior produção interna.
O algodão estará, ainda, no foco dos chineses, que mantêm restrições de negociações com os americanos.
Outro destaque são as proteínas “in natura”. A exportação de carne bovina deverá atingir 124 mil toneladas, 27% mais do que as de fevereiro de 2018. As carnes suína e de frango acompanham a bovina e têm bom desempenho.
O ritmo das exportações de 2019 vai depender muito do câmbio. Um empecilho serão os preços internacionais: a tendência é de queda. A soja, mesmo com recuo de produção no Brasil, não reage devido aos estoques dos EUA (Folha de S.Paulo, 26/2/19)