RS: Produtor vence desafio nacional e obtém 127 sacas de soja por hectare
A produção de soja, quando feita em laboratórios, pode atingir até 300 sacas por hectare. Esse é um volume, porém, que jamais será atingido a céu aberto. Para que isso ocorra, as condições climáticas externas deveriam repetir as de um laboratório.
Os produtores não conseguem atingir essa meta ideal, mas buscam cada vez mais um avanço da produtividade. A média brasileira, por exemplo, ainda está em 55 sacas.
Alguns experimentos apontam, no entanto, que manejo adequado da produção e tecnologia já permitem uma produtividade bem superior à da média brasileira.
É o que fez o produtor Gabriel Bonato, de Sarandi (RS). Há quarenta anos a família dele vem tendo um cuidado especial com o solo, e o resultado ficou evidente nesta safra que se encerrou.
Nos 110 hectares de área de soja que cultiva, Bonato produziu 86 sacas de soja por hectare. Caprichou um pouco mais em 53 deles e obteve média de 91 sacas. Em outros 2,5 deles, onde utilizou todos os recursos possíveis, a produtividade subiu para 127,1 sacas.
Com isso, o produtor foi campeão nacional de um desafio anual de produtividade feito pelo Cesb (Comitê Estratégico Soja Brasil). O anúncio foi feito nesta terça-feira (12) no 8º Congresso Brasileiro de Soja, em Goiânia (GO).
O segredo, segundo Bonato, “é ter um bom perfil do solo, fazer uma boa adubação e investir preventivamente na proteção da planta”. Esse manejo diferenciado faz a diferença, segundo ele.
O produtor, de 30 anos, fez uma trajetória diferente da que faz boa parte dos brasileiros. Funcionário de um banco, largou a cidade e voltou para o campo para desenvolver um trabalho, segundo ele, diferenciado.
É claro que o clima sempre é decisivo no efeito final de produção. No ano passado, quando tudo deu certo para a lavoura de soja, a produtividade atingida pelo ganhador do desafio do Cesb foi ainda maior, atingindo 149 sacas.
Luiz Nery Ribas, presidente do Cesb, uma entidade sem fins lucrativos, diz que a missão do comitê é exatamente a de provocar produtores e pesquisadores para buscarem novos patamares de produtividade.
O presidente do Cesb diz que “nada acontece por acaso”. Essa boa produtividade é um aprendizado para a aplicação do conhecimento adquirido em áreas maiores e comerciais.
Para Gilmar Antônio Luzzi, engenheiro agrônomo e consultor de Bonato, esses desafios são importantes porque instigam o produtor a usar toda a tecnologia de produção disponível.
A passagem da utilização dessas tecnologias de áreas pequenas para as maiores depende, no entanto, de um risco financeiro que muitas vezes o produtor não quer correr. Na área de produtividade de 127,1 sacas por hectare, Bonato teve um custo de produção de 54 sacas. Nas demais áreas, esse custo foi de apenas 30 sacas.
É um desafio que o produtor tem de avaliar, mas essa busca de maior produtividade vai continuar (Folha de S.Paulo, 14/6/18)