Ruralistas vão protestar no STF no dia do julgamento do HC de Lula
Ruralistas de todo o país estão sendo convocados por suas associações de classe para protestar em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal) no dia 4 de abril. A data coincide com o julgamento do habeas corpus de Lula, o que preocupa setores da segurança do governo e também do PT.
A possibilidade de um embate entre os ruralistas, tradicionalmente contrários, em sua maioria, a Lula, e militantes que defendem o ex-presidente é considerada real. A animosidade com que a caravana do petista foi recebida no sul do país, com pedras e ovos, foi um alerta do que pode estar por vir.
Os produtores rurais já tinham marcado a data da manifestação há mais tempo, antes de saber que o caso de Lula seria julgado no dia 4. Eles protestam contra o pagamento retroativo do Funrural, que é a contribuição previdenciária de produtores e empreendimentos rurais.
O clima é tenso no setor. Apesar de Michel Temer ter criado um programa de parcelamento das dívidas, as associações dizem que o pagamento pode levar milhares de propriedades rurais à falência. Elas pressionam o STF para que considere a cobrança do passado ilegal (Folha de S.Paulo, 28/3/18)
Ônibus da caravana de Lula são alvos de tiros no Paraná, diz PT
Ao menos dois ônibus que compõem a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Região Sul foram alvos de tiros no Paraná, disse o PT nesta terça-feira, em mais um episódio de violência envolvendo a passagem do petista pela Região Sul.
De acordo com o partido, um dos disparos deixou um buraco na lataria de um dos ônibus e um segundo pegou de raspão no vidro de um outro veículo. O ataque ocorreu entre as cidades de Quedas de Iguaçu e Laranjeiras do Sul. O partido disse ainda que pregos foram colocados na estrada de Laranjeiras do Sul furando pneus de um ônibus.
O PT afirmou que a Polícia Militar foi acionada e que foi feito um boletim de ocorrência. Ninguém se feriu.
“Desde o Rio Grande do Sul temos alertado as autoridades, mandamos ofício ao ministro da Segurança Pública informando nosso roteiro e pedindo policiamento, mas ainda assim não temos segurança. Agora, aconteceu o cúmulo: nossa caravana foi vítima de emboscada, um atentado. Essas pessoas querem matar o presidente Lula”, disse a senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente do partido, de acordo com o site da legenda.
“Eu quero saber o que as autoridades paranaenses têm a falar, bem como o ministro da Justiça, o governo brasileiro. Vamos ter que ter alguém morto nessa caravana para provar o que estamos dizendo, que estamos sendo vítimas de milícia armada?”, acrescentou.
Ao comentar os disparos contra os ônibus de sua caravana, Lula comparou o episódio ao surgimento do nazismo e cobrou as autoridades.
“O que eu estou vendo agora é quase o surgimento do nazismo. O que estamos vendo agora não é política, porque se quisessem derrotar o PT, iriam para as urnas. Se eles acham que fazendo isso vão nos assustar, estão enganados. Vai nos motivar. Não podemos permitir que depois do nazismo esses grupos fascistas possam fazer o quiser”, disse o ex-presidente.
“Esperamos que quem está no governo estadual e federal, seja golpista ou não, assuma a responsabilidade. Atacaram o ônibus que estava a imprensa. Se querem brigar, briguem comigo nas urnas. Mas vamos respeitar a democracia, a convivência na diversidade.”
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná afirmou que uma equipe foi ao local para periciar o ônibus e que, se constatado um disparo, será aberto inquérito para apurar o caso. A secretaria disse ainda que Lula não estava nos ônibus atingidos e que chegou à Universidade Fronteira Sul, uma das paradas de sua caravana, de helicóptero.
“A Polícia Militar do Paraná reforçou o policiamento nos locais de manifestação predeterminados junto à comitiva do ex-presidente. Não houve, por parte do ex-presidente, o pedido de escolta”, afirmou a nota.
Durante a passagem da caravana de Lula pela Região Sul foram registrados episódios de violência envolvendo manifestantes contrários e favoráveis ao ex-presidente. Lula e simpatizantes foram alvos de pedras, ovos e tomates lançados por manifestantes contrários a ele.
Lula lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, mas deve ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ficar inelegível, após ter rejeitados na segunda-feira os embargos de declaração contra uma condenação a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso que trata do tríplex no Guarujá (SP).
O petista também poderá ser preso caso o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeite o pedido de habeas corpus feito por sua defesa para que uma eventual prisão ocorra apenas quando estiverem esgotados todos os recursos cabíveis contra a condenação em todas as instâncias do Judiciário, o chamado trânsito em julgado (Reuters, 27/3/18)
Lula, alvo de caçada: Aliados de Lula querem rever caravanas
Legenda: O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois de sua caravana sofrer ataque a tiros no Paraná
O ataque a tiros à caravana de Lula inflou o discurso político do PT de que ele é vítima de uma caçada antidemocrática. O líder da legenda na Câmara, Paulo Pimenta (RS), telefonou ainda nesta terça (27) ao ministro da Segurança, Raul Jungmann, para dizer que a integridade do petista tornou-se responsabilidade do governo Temer. A investida sem precedentes assustou quadros da sigla que agora falam na possibilidade real de tragédia e defendem o fim das andanças pelo país.
Batalha campal
Integrantes da cúpula do PT temem uma escalada de confrontos caso o STF conceda o habeas corpus ao ex-presidente. Haverá, avaliam, uma “longa estrada até agosto”, período do registro das candidaturas. Eles apostam que Lula não topará se recolher nesse período.
Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça que hoje está advogando para o PT, diz que é preciso repensar o modelo das caravanas “para não colocar a vida de Lula em risco”.
Num retrato de como os ataques durante o giro pela região Sul deixaram os petistas alarmados, em Chapecó (SC), Fernando Haddad estava no palanque com o ex-presidente quando avistou uma igreja com torres. “Alguém vistoriou?”, indagou. Diante da negativa, rebateu: “Estão brincando”.
Novos tempos
Raul Jungmann conversou pessoalmente com deputados do PT que foram até sua pasta falar sobre o assassinato de Marielle Franco, no Rio, e souberam dos tiros na comitiva de Lula durante a reunião. Segundo os relatos, o ministro mostrou-se assustado e tratou o episódio como o prenúncio de um futuro sombrio (Folha de S.Paulo, 28/3/18)