23/03/2022

Rússia apreende e destrói máquinas agrícolas na Ucrânia

Legenda: Membros de tropas pró-Rússia são vistos no topo de tanques durante o conflito Ucrânia-Rússia nos arredores de Mariupol - Alexander Ermochenko/Reuters

GUERRA RUSSIA E UCRANIA  Alexander Ermochenko Reuters

Guerra retira ucranianos da lista de grandes exportadores de grãos, devido à quebra de safra.

Rússia está atacando a Ucrânia em um de seus pontos econômicos mais fortes: a agricultura. Tropas russas estão apreendendo e destruindo máquinas agrícolas, fertilizantes, sementes e estoques de combustível, conforme relato de produtores do país à S&P Global Commodity Insights.

A guerra está dando um golpe duro no setor agrícola da Ucrânia. O ministro da Agricultura, Roman Leshchenko, disse à Reuters, nesta terça-feira (22), que o país deverá semear menos da metade do que previa nesta primavera.

No ano passado, foram plantados 15 milhões de hectares, área que cairá para 7 milhões neste ano. Serão afetados os plantios de milho, girassol, cevada, soja e beterraba, produtos importantes para o processamento industrial interno e para as exportações.

Os ucranianos são os maiores exportadores de óleo de girassol e ocupam a 3ª posição mundial em cevada e em centeio. O país tem grande importância também nas exportações de milho e de trigo, ocupando a 4ª posição no comércio internacional desses cereais.

A guerra vai reduzir a participação da Ucrânia no comércio mundial. Segundo o ministro da Agricultura, o plantio de milho deverá ser reduzido para 3,3 milhões de hectares, bem abaixo dos 5,4 milhões de 2021.
Leshchenko afirmou à Reuters que foram semeados 6,5 milhões de hectares de trigo no inverno, mas só 4 milhões poderão ser colhidos, devido à guerra.

Segundo a S&P, além de o plantio de primavera de milho e de girassol ficar bem abaixo do realizado no ano passado, a produtividade certamente será menor. A semeadura de inverno de trigo e de cevada também vão ter perdas de rendimento, relatam os produtores.

Perdendo área de plantio e tendo redução na produtividade, os ucranianos vão participar menos do mercado externo, uma vez que seus portos, por onde saem 90% das mercadorias exportadas, tiveram o fluxo bloqueado pela guerra.

Além de colocar em risco a segurança alimentar de vários países, os preços das commodities podem se manter aquecidos, já que os ucranianos têm grande importância no mercado externo, segundo a S&P Global Commodity Insights.

O trigo ucraniano era negociado, na sexta-feira (18), a US$ 415 por tonelada, US$ 67 a mais do que no início da invasão da Ucrânia pela Rússia.

A produção de grãos deste ano deverá ficar bem distante dos 84 milhões de toneladas de 2021. O mesmo ocorre com as exportações, que também não deverão atingir os 65 milhões de toneladas previstos inicialmente (Folha de S.Paulo, 23/3/22)