15/04/2025

Safra 2024/25 de cana no Centro-Sul registrou a 2ª maior moagem da história

Safra 2024/25 de cana no Centro-Sul registrou a 2ª maior moagem da história

Houve queda de 4,98% no volume de moagem das usinas devido à forte seca e aos incêndios em muitos canaviais. Foto Wenderson Araújo CNA

 

Produção de etanol bateu recorde, enquanto a de açúcar sofreu redução.

 

A safra 2024/25 de cana-de-açúcar do Centro-Sul terminou com uma redução de 4,98% na moagem das usinas, que ficou em 621,88 milhões de toneladas. Apesar da diminuição, ainda foi o segundo maior volume de cana processada pela região da história, de acordo com dados da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica).

 

A redução da produção de cana foi decorrente da forte seca e dos incêndios em muitos canaviais, sobretudo em São Paulo, que prejudicaram a produtividade. O rendimento agrícola médio do Centro-Sul recuou 10,7% e ficou em 77,8 toneladas por hectare, segundo levantamento do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).

 

A maior queda de produtividade se deu no Estado de São Paulo, com recuo de 14,3%, para 77,6 toneladas por hectare. O Estado em que a produtividade foi menos afetada foi em Goiás, onde o rendimento recuou 2,7%.

 

Etanol

 

Apesar das dificuldades agronômicas, a produção de etanol bateu um novo recorde e atingiu 34,96 bilhões de litros, 4,06% a mais do que na safra anterior. Do volume total, a produção oriunda do processamento de milho representou 23,43% — 4,76 pontos percentuais a mais do que na safra anterior.

 

Foram produzidos 8,19 bilhões de litros de etanol a partir do milho, 30,70% de alta na comparação anual. Se dependesse apenas da cana-de-açúcar, a produção de etanol teria caído 1,8%, para 26,80 bilhões de litros.

 

Açúcar

 

A menor moagem de cana teve mais reflexo na produção de açúcar, que diminuiu 5,31%, para 40,17 milhões de toneladas. Isso se deveu ao fato das usinas terem direcionado mais cana para a produção de etanol, já que a matéria-prima apresentou problemas de qualidade que dificultaram seu uso para a produção de açúcar. Ainda assim, tratou-se do segundo maior volume de açúcar já produzido pelo Centro-Sul na história.

 

“O estresse hídrico ao longo dos meses de desenvolvimento da lavoura afetou a produtividade agrícola e a pureza do caldo da cana-de-açúcar processada, impactando o rendimento na fabricação de açúcar”, explicou Luciano Rodrigues, diretor de inteligência setorial da Unica, em nota.

 

A menor oferta pouco interferiu nas exportações de açúcar, que encerraram a safra com um volume praticamente em linha com o da safra 2023/24, em 35,13 milhões de toneladas. Já a receita com esses embarques recuou 8,31%, para US$ 16,66 bilhões, em decorrência dos preços mais pressionados da commodity. Os principais destinos foram a China, para onde foram destinadas 8,6% das exportações brasileiras de açúcar na safra, seguida de Indonésia (8,4%), Índia (7,6%), Argélia (6,1%) e Arábia Saudita (5,9%).

 

Vendas de etanol

 

Por sua vez, as vendas de etanol tiveram forte crescimento no mercado interno e recuaram no mercado externo. Os volumes de venda de etanol hidratado no mercado doméstico nesta safra oscilaram entre 1,70 bilhão e 1,9 bilhão de litros ao mês, e encerraram a temporada com um volume 16,44% maior do que na temporada 2023/24, para 21,73 bilhões de litros. As vendas de etanol anidro no país cresceram 4,35%, para 12,18 bilhões de litros.

 

Com o aumento das vendas dos dois tipos de etanol, mas principalmente do hidratado, que compete com a gasolina nos postos, a participação total do etanol no ciclo Otto (motores de veículos leves) cresceu 3,8 pontos percentuais e alcançou 25,3% de participação.

 

“Nos últimos 12 meses, o consumo de etanol hidratado no mercado brasileiro cresceu 22,87% em comparação ao período anterior, enquanto o consumo total de combustíveis pela frota leve avançou apenas 2,89%. O resultado denota um aumento na participação do etanol hidratado no consumo total, refletindo a maior oferta do biocombustível e a sua competitividade na bomba”, afirmou Rodrigues.

 

Dada a maior produção e venda de etanol na última safra, o volume de Créditos de Descarbonização (CBios) emitidos também bateu recorde no ano civil de 2024 (de janeiro a dezembro), com 42,50 milhões de CBios. Apesar desse crescimento, foram comercializados menos CBios do que o volume emitido e até menos do que a meta de compra das distribuidoras para o ano (que era de 46,38 milhões).

 

Com compras menores que o determinado para as distribuidoras e preços mais baixos, a receita dos produtores de etanol com CBios ficou em R$ 3,352 bilhões, uma queda de 11,20% na comparação com 2023.

 

As exportações de etanol, por sua vez, recuaram 32,80%, para 1,67 bilhão de litros (Globo Rural, 14/4/25)