19/11/2020

Safra de arroz chega mais cedo, mas preço cede pouco

Safra de arroz chega mais cedo, mas preço cede pouco

Legenda: Plantação de arroz em Rio do Oeste, em Santa Catarina - Eduardo Knapp-29.jan.18/Folhapress

 

Acabaram-se os tempos da saca na faixa de R$ 40; cereal deve ficar em pelo menos R$ 80, afirma analista.

Para aproveitar os preços elevados do arroz, o produtor antecipou o plantio, e a safra deverá chegar mais cedo. O Paraguai, tradicional fornecedor do cereal para o Brasil, iniciou a semeadura em agosto e fará a colheita já no próximo mês.

Argentinos e uruguaios, sabendo da necessidade brasileira de arroz, também foram mais cedo ao campo. Os gaúchos, principais produtores brasileiros, não agiram diferente e também anteciparam o plantio.

Pelo menos 95% da área de 970 mil hectares que será destinada à cultura no Rio Grande do Sul já está semeada. Tradicionalmente, o plantio estaria em 80% neste período do ano.

O arroz chega mais cedo, mas os preços não deverão ceder muito. Essa é a aposta de Vlamir Brandalizze, analista do setor. O Brasil aprendeu a exportar, afirma ele.

Embora Rio Grande do Sul e Tocantins tenham área maior dedicada ao arroz, o que vai determinar os preços internos é o câmbio, diz Brandalizze. Uma redução do valor da moeda americana poderá trazer os preços atuais de R$ 105 para R$ 80 por saca. A manutenção da taxa do dólar em R$ 5,5 manterá os preços próximos de R$ 90 por saca.

O arroz está sendo semeado mais rapidamente do que o normal, mas a produtividade vai depender de chuva nas próximas semanas, diz Brandalizze.

Os preços se sustentam, em parte, mesmo com a entrada da safra brasileira mais cedo. Argentina, Paraguai e Uruguai, tradicionais fornecedores ao Brasil, têm um piso de US$ 350 por tonelada. Se o mercado brasileiro não pagar, buscam outros mercados conquistados nos últimos anos por eles.

 Além disso, os estoques atuais das indústrias foram adquiridos a preços elevados. Dependendo do tamanho da queda, elas perdem margens. Por isso, vão tentar segurar preços.

Pesa ainda na formação de preços o fato de muitas indústrias acabarem o ano com estoque acima do que esperavam. O principal motivo foi o término do auxílio de emergência para parte da população, o que provocou uma queda de 30% no consumo do cereal no mês passado, segundo o analista (Folha de S.Paulo, 19/11/20)