17/12/2024

Safra de cana no Brasil deve acentuar queda do preço global do açúcar

Safra de cana no Brasil deve acentuar queda do preço global do açúcar

Mercado está de olho na recuperação da colheita de cana-de-açúcar no Brasil. Foto Wenderson Araújo – CNA

Tendência é de cotações mais baixas no ano que vem, dizem analistas.

Se em 2024 os canaviais do Brasil foram impactados pela seca e posteriormente pelas queimadas em algumas áreas do Sudeste, trazendo alguma sustentação para os preços em Nova York, as chuvas do fim deste ano sobre áreas do Centro-Sul podem acentuar o quadro de baixa para as cotações no cenário externo no início de 2025.

“As chuvas nos canaviais do Centro-Sul chegaram em outubro com 30 dias de antecedência. E essa entressafra mais chuvosa vai proporcionar recuperação da safra que será colhida em abril após a seca deste ano. A moagem vai sair de 592 milhões de toneladas em 2024/25 para 608 milhões no próximo ciclo”, destaca Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado.

Para ele, os preços do açúcar que hoje orbitam na casa dos 21 centavos de dólar por libra-peso – após baterem os 23 centavos com as queimadas – podem cair para 19,50 centavos durante o primeiro trimestre de 2025.

Na visão de Lucas Brunetti, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, o açúcar em Nova York deve se manter em uma faixa entre 22 e 21 centavos até que se tenha uma definição do tamanho da safra no Brasil.

“Se tivermos boas chuvas e a produção performar bem, a tendência é preços mais para baixo no ano que vem. Agora, vejo uma inclinação para as cotações andarem de lado até saber o que acontecerá com a safra brasileira de cana”.

Além do desempenho esperado com a safra de açúcar no Brasil, outros grandes produtores também estão com boas perspectivas de produção, reforçando o quadro de baixa para o açúcar, ressalta o analista da Safras.

Na Ásia, o período de chuvas se estendeu além do normal, o que beneficiou a qualidade da cana em áreas da Índia e Tailândia. “Também há expectativa de aumento da oferta na China, que não é um grande produtor, mas pode reduzir suas importações com esse panorama favorável, e reforçar a tendência de queda para as cotações”, diz Muruci.

Em outro grande polo produtor de açúcar, a Europa, o clima este ano favoreceu áreas agrícolas na França, Rússia e Ucrânia. Diante disso, o analista da Safras destaca que o excedente exportável da região que encerrou a safra 2023/24 em 100 mil toneladas pode aumentar para 300 mil no ciclo seguinte.

Outro elemento importante para o mercado é o número de superávit na produção, cujas estimativas vêm crescendo desde o primeiro semestre. Em maio, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projetou um saldo positivo de 6,2 milhões de toneladas para 2024/25. Em novembro, o número foi reajustado para quase 7 milhões de toneladas.

“As principais origens entregando boa produção e um saldo superavitário acima do esperado culminaram em uma tendência de queda para o açúcar, que teve início em setembro e pode se estender até o primeiro trimestre de 2025”, projeta Maurício Muruci (Canal Rural, 16/12/24)