20/08/2021

Safra de cana quebra e açúcar tem preço recorde na usina

Safra de cana quebra e açúcar tem preço recorde na usina

CORTE CANA REUTERS_Paulo-Whitaker

Produção cai 10%, forçando alta da saca de açúcar para R$ 131, uma evolução de 60% em 12 meses.

Seca e geadas provocam intensa queda na produção de cana no país, elevando os preços do açúcar para patamar recorde no mercado interno.

A colheita, prevista em maio último em 628 milhões de toneladas, deverá ficar em 592 milhões na safra 2021/22, segundo estimativas divulgadas nesta quinta-feira (19) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

A produtividade, estimada em 74,6 toneladas de cana por hectare, em maio, foi revista para 71,8 nesta quinta. Tanto a produção de cana como a produtividade serão inferiores também às da safra 2020/21.
A Conab lista vários fatores para essa redução de desempenho dos canaviais. A área cultivada foi menor, devido à concorrência de milho e de soja, que estão com preços em patamares recordes.

Além disso, os novos dados, segundo o órgão, já incorporam os efeitos climáticos da seca e das recentes geadas de junho e de julho.

 Os efeitos foram tão severos que deverão interferir também na produção da próxima safra, a de 2022/23.

A região Sudeste é uma das mais afetadas. A área de cultivo foi reduzida em 6,6% e a produção terá recuo de 13,3%. São Paulo, principal produtor, teve queda de 8% na área cultivada e somará recuos de 8,5% na produtividade e de 15,7% na produção de cana, segundo a Conab.

Analistas de entidades ligadas ao setor de cana acreditam, porém, que a retração deverá ser ainda maior no centro-sul do que a prevista pelo órgão do governo. Eles acrescentam que, além da seca e das geadas, há um aumento das queimadas nos canaviais, provocadas pelo clima seco.

Os números de quebra deverão ficar mais perto da realidade só a partir do final de agosto, quando as usinas terminam a colheita das áreas que sofreram geada, segundo eles.

Com uma tendência mais açucareira, esta safra deverá produzir 36,9 milhões de toneladas de açúcar, 10,5% a menos do que em 2020/21. São Paulo fica com 22,7 milhões, com queda de 13%.

A produção de etanol de cana recua para 25,9 bilhões de litros, 13% menos do que na safra anterior. Deste total, 16 bilhões serão de álcool hidratado.

Já a produção de etanol de milho sobe para 3,4 bilhões de litros, acima dos 3 bilhões anteriores.
Com o recuo de produção neste ano, as exportações do setor, que foram recordes em 2020, já apontam queda no acumulada desta safra, iniciada em abril.

A redução da produção de açúcar já chega ao bolso do consumidor. A saca de 50 quilos está sendo negociada no patamar recorde de R$ 131 em São Paulo, com evolução acumulada de 12% neste mês e de 60% nos últimos 12.

Apenas nos últimos 30 dias, o produto subiu 5,4% nos supermercados de São Paulo, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Já o etanol hidratado foi para R$ 3,23 por litro nas usinas, com aumento de 6% neste mês. Nos últimos 12, o aumento acumulado é de 81% (Folha de S.Paulo, 20/8/21)


Geadas leva Conab a cortar projeção de safra de cana 2021/22 no Centro-Sul para 538,7 milhões de toneladas

No levantamento anterior, a estatal já via uma queda de 4,6% na safra pressionada pela estiagem e uma redução na área de plantio

A safra de cana do Centro-Sul do Brasil em 2021/22 deverá atingir 538,7 milhões de toneladas, queda de 10,6% ante a temporada 2020/21, devido ao impacto da seca e geadas que ocorreram entre junho e julho, estimou hoje (19) a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

No levantamento divulgado em maio, o primeiro para a nova temporada, a estatal já via uma queda de 4,6% na safra pressionada pela estiagem e uma redução na área de plantio.

“Os efeitos climáticos adversos da estiagem durante o ciclo produtivo das lavouras e as baixas temperaturas registradas em junho e julho estão entre as causas da redução, que incluem ainda episódios de geadas em algumas áreas de produção, sobretudo nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul”, informou a companhia.

A produção de açúcar da principal região produtora do Brasil, maior exportador global da commodity, deverá atingir 33,9 milhões de toneladas, queda de 11,3% na comparação anual, apontou a Conab.

Já a produção total de etanol (de cana e de milho) em 2021/22 foi estimada em 29,2 bilhões de litros, recuo de 10,8% na mesma comparação, segundo números da estatal (Reuters, 19/8/21)