Safra é boa, mas produtor precisa ficar atento a cenário externo
"A safra deste ano está indo muito bem. Estamos vendo números recordes no algodão e um bom andamento das lavouras no Matopiba [região que compõem os estados do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia]."
A avaliação é de Fabiana Alves, diretora de Rural Banking do Rabobank, instituição com forte atuação no agronegócio brasileiro.
A participação do banco na atividade agrícola é grande. Pelos menos 80% das áreas produção de algodão no Brasil e 20% das de soja estão na carteira do banco.
Para Alves, os preços auxiliaram os produtores. Boa parte da comercialização já havia sido feita, mas o aumento de produtividade nesta reta final de safra deixará um excedente para as negociações no mercado à vista, e com preços bons.
"Isso ajuda bastante", diz ela.
O ano de 2018 vai ser um período de recuperação nas finanças dos produtores. Os dois anteriores foram uma fase de estresse financeiro, devido aos problemas enfrentados em 2015.
Naquele ano, a agricultura viveu uma tempestade perfeita com seca, quebra de produção, preços baixos, volatilidade do dólar e crise econômica no Brasil.
"Em 2017 já vimos melhora e neste ano, com a boa safra, vamos ver ainda mais." Um dos sinais é a reativação das compras terra, um setor que estava adormecido. "Isso é animador", diz Alves.
A carteira do Rabobank vem crescendo muito, segundo a executiva.
"Vamos chegar perto de US$ 4 bilhões até o final de ano, e estamos trazendo mais clientes." Atualmente são 1.300 produtores.
As apostas do banco recaem muito sobre a conversão de áreas degradadas de pastagem em produção de grãos. "Gostaríamos muito de ajudar a viabilizar isso."
Além de trazer eficiência para a pecuária, é também uma forma de aumentar área de produção de grãos sem a necessidade de novas aberturas, segundo ela.
INTERNACIONAL
O produtor tem de ficar atento também à conjuntura internacional, que não está muito tranquila, segundo a executiva do Rabobank.
O ambiente da política econômica dos Estados Unidos e a elevação da taxa de juros da Libor (taxa média interbancária utilizada por bancos para empréstimos) podem significar elevação da taxa de juros internacionais.
Se isso ocorrer, o Brasil terá de absorver esse aumento de custo dos juros (Folha de S.Paulo, 25/4/18)